“Meu maior medo era não sair dali viva”, conta jogadora de vôlei
Depois de uma temporada em clube de Israel no ano passado, a jogadora de vôlei Beatriz Palmieri, 25 anos, decidiu retornar para a cidade de Hod HaSharon neste ano de 2023 para jogar por mais uma temporada. Há duas semanas na cidade israelense, presenciou momentos que a deixaram aterrorizada. Nos últimos dias, com a intensificação do conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, Beatriz chegou a ouvir sirenes e bombas e teve que se esconder em um bunker. Não chegou sequer a fazer o seu jogo de estreia na temporada, que seria iniciada nesta sexta-feira (13).
Na manhã de hoje, Beatriz chegou à Base Aérea de Guarulhos (SP) depois de embarcar em Tel Aviv com destino ao Brasil no terceiro voo de repatriação do governo brasileiro, com 69 pessoas. Antes de chegar a Guarulhos, o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) fez uma parada em Recife (PE), onde cinco pessoas desembarcaram.
“Fui para jogar uma temporada por lá. Ano passado eu já tinha ido jogar lá e tinha corrido tudo bem. Gostei muito do país e voltei esse ano para jogar”, contou a jornalistas, logo após o desembarque.
“A gente presenciou três sirenes. Fomos para os bunkers três vezes. Ouvimos interceptações de bombas. Foi aterrorizante. A gente tremia, chorava, não sabia se ia conseguir sair dali, quanto tempo a gente teria que ficar no bunker. Nunca tinha passado por isso. A gente ia seguindo os vizinhos e as pessoas que estavam em volta. Não falamos o hebraico. Então tínhamos que tentar nos comunicar em inglês, mas o pessoal as vezes também não falava inglês. Foi aterrorizante”.
Seu principal receio, contou, era não conseguir sair daquela situação. “Meu maior medo era esse, não sair dali viva. Foi aterrorizante. Meu medo era não voltar. Ou piorar [a situação] e fechar o aeroporto e a gente não ter meio para voltar. Foi uma sensação muito ruim”.
Ao chegar ao Brasil de novo, Beatriz explica que sentiu alívio. “Minha sensação de estar de volta é só querer voltar para casa e ver meus pais. Não tem outra coisa que eu queira fazer agora”. A brasileira agradeceu ao governo federal por fazer a repatriação dos que estavam por em área de conflito. “É muito respeito e muita admiração por aqueles que ajudaram a gente, que se movimentaram para ajudar a gente e deram essa oportunidade de a gente voltar. Conhecemos americanos também que não tiveram a oportunidade de voltar porque tiveram voos cancelados. Os Estados Unidos não mandaram aviões para resgate, por exemplo”.
Reencontro
No mesmo voo de Beatriz estava Evelyn Crimerman. Sua tensão com a situação em Israel foi tamanha que, ao desembarcar na Base Aérea de Guarulhos ela não se lembrou dos protocolos e correu para abraçar o filho, Tiago Marchesano, que a aguardava no local.