Os cerca de 2 mil jovens representantes de movimentos sociais que participam do Acampamento da Juventude em Luta, por Terra e Soberania Popular, organizado pela Via Campesina Brasil, participaram no quarto e penúltimo dia da mobilização, nessa segunda-feira (16), do debate “A Juventude e a luta ambiental: por terra e soberania popular estamos aqui!”.
No encontro, as debatedoras discutiram a lógica capitalista, a distorção da proposta do mercado de carbono e a necessidade de fortalecer a chamada economia verde, com a verdadeira inclusão de camponeses, povos indígenas e comunidades tradicionais para redução das desigualdades sociais.
“Nesse período, acompanhamos, o crescimento dos agrocombustíveis, monoculturas, transgênicos e temos visto, cada vez mais, o crescimento de projetos de neutralização de carbono que impedem que as comunidades usem os territórios e que trazem esquemas de vigilância nessas localidades”, observa Camila Moreno, membro do grupo Carta de Belém.
Em sua fala, Renata Menezes, da direção nacional do Coletivo de Juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), defendeu que a classe trabalhadora precisa retomar as lutas de massa no país. “Neste momento, é a juventude que vai ser ponta de lança na crise que está posta, nas diferentes expressões. Ela está no debate em torno da crise ambiental, de conclusão de um projeto que permita a soberania popular se constituir.” Renata Menezes faz um balanço de avanços obtidos a partir da mobilização dos jovens. “Nós avançamos na perspectiva revolucionária do que é o poder popular, a partir dos nossos territórios, a partir da organização do topo das cidades, da defesa dos bens comuns, do combate à fome e da vida da juventude como prioridades para que os próximos que virão não tenham que encontrar as condições de hoje”.
Na mesma roda de conversa, a coordenadora executiva das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marciely Ayap Tupari, enumerou violações e pressões sofridas dentro dos territórios indígenas. Marciely destacou que a participação no encontro serve para fortalecer a juventude, uni-la e somar forças na luta por direitos. “Se hoje a gente tem direitos garantidos, é porque se mobiliza, vai à luta e não espera sentado. Agora, temos que lutar da mesma forma que eles estão lutando: com a caneta e papel. Porque a gente sabe que muitas coisas envolvem questões políticas. E precisamos ficar atentos a isso”.
Mais vozes
Desde sexta-feira (13), os participantes do Acampamento da Juventude, em Brasília, estão imersos em discussões sobre diversos temas, em uma grande tenda. Nessa troca de experiências, eles tentam conscientizar e formar opiniões sobre o enfrentamento das mudanças climáticas e outras questões ambientais; combate à homofobia e ao racismo; igualdade de gênero; consequências da diminuição de territórios preservados; demarcação de terras; sustentabilidade, a educação, mesmo longe dos grandes centros urbanos; a permanência dos jovens no campo ou retorno deles a seus territórios.