Bienal abre espaço inédito para quadrinistas independentes
Um espaço inédito, batizado Artists Alley, foi aberto nesta edição comemorativa dos 40 anos da Bienal do Livro do Rio de Janeiro e abriga quadrinistas independentes para que tenham contato direto com o público fã de histórias em quadrinhos e seus heróis.
“Sempre foi um desejo grande nosso ter esse espaço”, disse à Agência Brasil Bruno Henrique, gerente de Marketing e Conteúdo na GL Events Brasil, empresa organizadora da Bienal, em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). “O segmento de história em quadrinhos [HQ] vem crescendo muito no Brasil, nos últimos anos, e a gente não podia deixar de ter isso na Bienal.”
Henrique disse que o Artists Alley, embora ainda seja um pouco tímido diante do número crescente de quadrinistas e ilustradores do país, já é um primeiro passo, para que se tenha, a partir de agora, ter sempre esse espaço oficial dentro da Bienal. "E que cresça cada vez mais.” No total, 31 artistas participam da Bienal do Livro do Rio 2023.
O espaço celebra a fusão entre literatura e arte e permite que os leitores interajam diretamente com seus ilustradores e quadrinistas preferidos e acompanhem o processo criativo de cada um deles. Os estandes dos autores independente estão situados na Rua Z do Pavilhão Verde. O espaço tem tido muito público, formado principalmente por apaixonados por HQ. Os visitantes podem participar também de sessões com os autores de histórias em quadrinhos. O objetivo é fazer as pessoas entenderem que esse formato de leitura é tão importante quanto os outros, disse Henrique.
Para ele, o resultado tem sido muito satisfatório, porque todos estão vendendo bastante. “Para um primeiro espaço de quadrinistas, a gente está muito satisfeito com o resultado. Não só a gente, como os próprios quadrinistas.” Lembrou que muitos dos artistas independentes começam a expor seus trabalhos em blogs e nas redes sociais e acabam ganhando ali edições de livros e vendem bastante. Para ele, a leitura de quadrinhos vai muito além daquele eixo dos heróis Marvel e, também, do grande ilustrador e escritor brasileiro, que é Maurício de Sousa. “O cenário é muito prolífico e vem trazendo nomes muito fortes.”
Receptividade
O quadrinista gaúcho Gustavo Borges, autor das webcomics A Entediante Vida de Morte Crens e Edgar, está comemorando, em 2023, dez anos de carreira profissional. Como amador, ele começou há 12 anos. Segundo Gustavo, a experiência na Bienal tem sido positiva e a receptividade do público, "muito bacana”. Em 2018, ele esteve no Rio para o lançamento da coletânea Memórias do Maurício. Nesta obra, o quadrinista Mauricio de Sousa convidou autores nacionais para reinterpretar seus personagens, e Gustavo lançou o Cebolinha: Recuperação. Ele está festejando na Bienal a nova tiragem desse livro, que estava esgotado há algum tempo. “Agora está disponível de novo, para todo mundo levar para casa.”
“Estou feliz porque a Bienal abriu o espaço Artists Alley para que os quadrinistas pudessem vir. De tão abrangente que é a Bienal, eu vou conhecer público novo, vou ter um público novo que gosta de literatura e é apaixonado pela Bienal e vou poder apresentar o meu material. Furar um pouco essa bolha e entrar no público do Rio de Janeiro. Fico feliz também de ver leitores meus, que acompanham meu trabalho há anos e estão vindo me encontrar no evento”. Até o fim do ano, Gustavo Borges lançará o quarto livro com o personagem criado há 12 anos, intitulado O Entediante Apocalipse de Morte Crens e mais um título da série Como Fazer Amigos e Enfrentar Feiticeiros, que está concorrendo a três prêmios.
Fãs do trabalho de Gustavo Borges, as amigas Julia Maia e Juliana Simão puderam conhecê-lo pessoalmente no Artists Alley. “Ele me explicou um pouco do projeto dele, que Morte Crens foi seu primeiro livro. É uma troca que a gente só tem aqui”, destacou Juliana.