Brasília,
1º-09-2023 - Obra apresentada na exposição Portinari Raros -
Valter Campanato/Agência Brasil “Curiosidade imensa”
O professor explica que Portinari revelou em suas obras curiosidade enorme sobre ciência e tecnologia diante da efervescência cultural das primeiras décadas do século 20. “Ele passou a usar elementos matemáticos na obra dele”, o que incluiu as proporções e os estudos cromáticos. “Portinari tinha uma curiosidade imensa em saber como os outros artistas pintavam”.
A ternura de rememorar a infância, como na obra Jangada e Carcaça
(de 1940), que está entre as disponíveis na mostra, mostra um Portinari menos conhecido. “Uma vez, depois de uma palestra em uma escola, uma garotinha levantou o dedo e disse que o que ela mais havia gostado é que, no tempo de Portinari, as crianças brincavam à noite”. Tocou a criança, assim como emociona o filho
em
Roda infantil. “É a obra que eu mais gosto dessa fase”. Outro trabalho que o marca
é
Meninos com Balões
(1951). “Imagine emocionar-se pela infância aos 84 anos de idade, como eu”.
Outra obra que se refere à infância é
Menino com Gaiola
(1961), momento em que o filho recorda que o pai estaria em um momento de depressão.
Mudanças de pincéis
O pesquisador entende que diferentes elementos destacam o valor da natureza para a obra dele, inclusive com características tropicalistas. “Sempre tem a paixão pelo Brasil, pelo
brasileiro, pelos animais”, afirma. Um exemplo está em
Flora e Fauna Brasileiras (de 1934).
Aliás, para o pesquisador, os anos de 1930 são chave para entender uma mudança de temática: o olhar passa a ser social, quando passa a pintar famílias de retirantes e exploração. A mostra ainda traz esboços e painéis, com estudos de obras clássicas dele.
Já os anos 1940 são, de acordo com o filho-pesquisador, muito produtivos, ora pela denúncia sobre a 2ª Guerra Mundial, em que ele chamava a atenção para o nazismo, como na obra
Gráfica (1942), ora pelas obras de outra matriz
ou sobre o meio ambiente ameaçado, como em
Balé Iara
“Para absorver tudo o que há na exposição, é preciso mais do que uma visita”, avalia.
Imersão
Espaços interativos na mostra garantem fruição dos sentidos, como no espaço Portinari Imenso,
que está no pavilhão de vidro, com projeção de pinturas e trilha sonora original de autoria de Cacá Machado. Os bancos improvisados são as sacas de café, e o público fica imerso no pensamento do artista que nasceu há 120 anos.
Outra celebração agendada é que os históricos painéis gigantes de
Guerra
e
Paz,
que estão na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), devem ser levados temporariamente para o Museu Nacional da China
no ano que vem, como celebração dos 50 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e aquele país.