Com o tema Territórios da Latinidade, a Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (CineBH) inicia sua 17ª edição na noite desta terça-feira (26). Às 20h, os palcos do Cine Theatro Brasil Vallourec, no centro da capital mineira, receberão uma performance que buscará traduzir o conceito do evento com arte, música, imagens e movimento. Na sequência, o filme Zé, de Rafael Conde, estreia nas telas, oferecendo um olhar sobre a história de José Carlos Novaes da Mata Machado, morto pela ditadura militar em 1973 aos 27 anos.
A escolha do tema consolida a decisão dos organizadores de fazer da CineBH um espaço para refletir sobre a produção da América Latina. Esse caminho vinha sendo desenhado há alguns anos e ganhou contornos mais claros no ano passado. Na ocasião, foi proposto um questionamento como temática: quais são as imagens da internacionalização do cinema latino-americano?
A CineBH é organizada anualmente desde 2007 pela Universo Produção, também responsável pelas tradicionais mostras de cinema de Tiradentes e de Ouro Preto. Nesta edição, 93 filmes nacionais e internacionais (39 longas, 31 curtas e 3 médias-metragens) serão levados para as telas. A programação, que se encerra no domingo (1º), inclui filmes, mesas de debate e outras atividades para diversas idades, todas gratuitas.
"A proposta é que a CineBH passe a ser o espaço do cinema latino-americano dentro do circuito de festival no Brasil. Queremos suprir essa lacuna. O Festival de Gramado já foi um espaço de destaque para o cinema latino-americano, mas deixou de ser. Tinha um festival em São Paulo que também desempenhava esse papel, mas parou de ocorrer. E nós achamos super importante aproximar dos nossos países vizinhos e entender essa cinematografia que tem pontos comuns, embora seja também muito diversa. A ideia é apostar no recorte de uma filmografia de diretores em início de carreira", diz Raquel Hallak, coordenadora-geral da CineBH.
Foram programados 24 filmes para as seções latino-americanas. Há representantes do Brasil, da Argentina, do Chile, da Colômbia, do México, Peru, Paraguai e de Cuba. São títulos inéditos para o público brasileiro e, embora alguns deles já tenham circulado em outros festivais, a maioria está fora do radar de eventos europeus. Segundo os curadores, eles rompem com a ideia de um tipo de cinema latino padrão e são filmes que carregam relação direta entre os territórios da encenação e os personagens mostrados.
Uma novidade desta edição da CineBH é a introdução de uma categoria competitiva, o que é inédito na história do evento. Trata-se da Mostra Território, que busca apresentar ao público brasileiro uma nova geração de diretores latinos, a maioria estreando em longas-metragens. São oito títulos, alguns dos quais fruto de coprodução envolvendo não apenas países da América Latina, mas também de outras partes do mundo.
"São filmes avessos a estereótipos de latinidades genéricas e expressivos das múltiplas possibilidades de se atentar a um território concreto, local antes de nacional. As autoralidades pensadas no processo curatorial partem dos mundos que estimulam a criação, conectando os títulos além de propostas temáticas", registra texto divulgado pela curadoria do evento.