Comprar maconha em farmácias e consumir nas ruas são situações que se normalizaram no Uruguai 10 anos após a legalização da cannabis no país, mas os efeitos produzidos pelo modelo de regulação não proporcionaram que essa realidade fosse a mesma para todos os uruguaios.
Pesquisadores do tema ouvidos na
Agência Brasildescrevem que os custos para comprar maconha nas farmácias, as exigências a serem cumpridas para plantar em casa e a estrutura necessária para fundar e manter um clube canábico dificultam o acesso para pessoas pobres ou estigmatizadas na sociedade. Além disso, a regulação se tornou impeditiva para que pequenos produtores se regularizassem como fornecedores da cannabis, que hoje só é produzida por três empresas de grande porte no país.
A política de drogas adotada no país vizinho, apontada internacionalmente como pautada pelos direitos humanos, tem sido objeto de análise da antropóloga brasileira Luana Malheiro, que esteve no Uruguai durante um ano e meio para pesquisar o impacto da legalização da cannabis nas mulheres em situação de rua do país. Luana aponta a falta de organizações negras entre as protagonistas da discussão que levou à legalização como uma das razões para que o modelo mantivesse exclusões.