O secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero, no lançamento do Pró-Carioca Audiovisual -
Tomaz Silva/Agência Brasil O secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero, destacou a importância de uma política pública abrangente para a cidade, incluindo desde o cineclube, que faz o seu trabalho nas comunidades, até as produções chamadas de consolidadas. “Essa política abrangente se preocupa com os vários segmentos e também com políticas afirmativas das quais não abrimos mão. Políticas de democratização e de territorialização”, enfatizou o secretário.
Segundo o prefeito Eduardo Paes, a cidade do Rio está de novo em um bom momento e, para continuar, é preciso usar elementos do passado e olhar para o futuro, pensando em grandes projetos. Paes disse que investimentos no setor de audiovisual resultam na melhoria da atividade econômica, e um dos reflexos dessa política é o aumento dos empregos e o impacto na cadeia produtiva do município.
As produções de cinema de rua, a formação profissional e a promoção internacional do audiovisual da cidade estão incluídos no Pró-Carioca Audiovisual. “O cinema de rua tem papel fundamental na movimentação das economias locais e na construção da cadeia exibidora. Em boa hora, a lei Paulo Gustavo nos permitiu fazer este investimento”, disse Calero.
Para o secretário, investimentos em cultura ajudam também a fortalecer a questão da identidade da cidade. “A maneira de ser do carioca, que é levada para outras telas, para outros povos, o que acaba, se tornando um objeto de desejo. Isso nos ajuda a consolidar o Rio, não apenas como destino turístico, mas como referência de cultura no mundo. E claro que isso também tem repercussão econômica.”
Ações afirmativas
A diversidade estará presente em ações afirmativas do programa. Os editais têm regras claras de pontuação adicional, com prioridade para grupos e territórios, entre os quais, mulheres, negros, população LGBTQIA+, indígenas e pessoas com deficiência. “Essa democratização engloba programas de ação afirmativa, fazendo com que segmentos que tradicionalmente têm dificuldades de acessar recursos públicos finalmente possam ter, por meio de pontuação adicional, a chance de serem contemplados nos nossos editais”, disse Calero.
A produtora de cinema Lucy Barreto elogiou o destaque para a diversidade nos projetos que serão apoiados pelo programa. “É importantíssimo porque somos um país de diversas raças, e a maior parte nunca teve essa oportunidade. Então estava mais que na hora disso acontecer”, disse Lucy à Agência Brasil.
O cineasta e historiador Sílvio Tendler também mostrou-se animado com o investimento no setor de audiovisual: “É fundamental, estou encantado porque achei o projeto grandioso. O Rio de Janeiro merece, e a cultura precisa.”
Inscrições
A inscrição dos projetos começa nesta quinta-feira (27) e vai até 25 de agosto e pode ser feita na área de editais do site da RioFilme, que traz a íntegra dos textos dos editais.
A coordenadora de Seleção e Contratação de Investimentos da RioFilme, Carol Ribeiro, começará a se reunir com produtores de periferias em sete regiões da cidade para explicar como os projetos devem ser apresentados e quem pode se candidatar ao edital. Segundo Carol, a prefeitura quer aumentar a parcela desse público participando de linhas de editais como o de curta-metragem de novos realizadores, de ações em cineclubes e de pequenas oficinas de formação.
“Nossa ideia é fazer um giro na cidade, apresentando basicamente quem pode se inscrever, que tipo de proposta, critérios de avaliação de propostas, ações de passo a passo. Além disso, estamos construindo em nosso site um espaço de perguntas frequentes, e há também apresentações com tutoriais", informou Carol.
Cenário
Na cerimônia, o prefeito Eduardo Paes anunciou também a ampliação em R$ 4 milhões da participação do município no sistema cash rebate, resultado do Edital de Incentivo à Atração de Produções Audiovisuais para o Rio de Janeiro, que inicialmente tinha previsão de R$ 12 milhões para produções nacionais ou internacionais que escolhessem o Rio de Janeiro como cenário. Desse valor, R$ 10 milhões vão para produções internacionais e R$ 2 milhões para as brasileiras.
A ideia com esse edital é atrair produções internacionais e de outros estados do Brasil para que filmem no Rio, disse Marcelo Calero. Para o secretário, a economia da cidade será favorecida direta e indiretamente em diferentes segmentos. Em 2022, o edital atraiu R$ 67 milhões para a economia da cidade, com impacto de R$ 82 milhões na economia local.
Para dar visibilidade às locações cariocas no cenário audiovisual internacional, foi anunciada ainda a criação do selo Filmado no Rio (Filmed in Rio), que será aplicado nas obras que tiverem a cidade como locação principal em suas histórias e também as produções que tiverem o apoio da Rio Film Commission.
Os investimentos da Prefeitura do Rio têm espaço ainda para homenagens. Na solenidade, a RioFilme anunciou a criação do Cine Carioca José Wilker, em Laranjeiras, que vai funcionar como centro de referência das artes e do cinema brasileiro. Uma licitação para reestruturação e gestão desse espaço garantirá a aplicação de mais de R$ 1,4 milhão.
Mariana Vielmond, filha do ator, que morreu em 2014, disse que ter o nome do pai em um espaço cultural é um reconhecimento ao trabalho dele. “Meu pai está muito associado ao Rio de Janeiro, a cidade em que ele escolheu morar. Que a cidade tenha uma sala de cinema em homenagem a ele completa um ciclo. É um lugar de divulgação de cultura, uma coisa que ele sempre quis, a cultura ampla, aberta e acessível", disse Mariana à Agência Brasil.
Ingresso mais barato
O programa Viva o Cinema de Rua contará com R$ 3,5 milhões para desenvolver oito propostas de reforma, manutenção e funcionamento de salas de exibição no Rio de Janeiro. A contrapartida será o ingresso mais barato para filmes brasileiros e os de pequena distribuição, considerados como de “arte”. A expectativa é de ingressos a R$ 5, por meio do subsídio da RioFilme.
A contrapartida se estende ainda à reserva de 10% dos ingressos para distribuição gratuita a estudantes e professores das redes públicas municipais e estaduais, com direito a um acompanhante. Além disso, existe a obrigatoriedade de exibição de filmes brasileiros em volume 10% superior ao estabelecido pela Cota de Tela, que é a obrigação legal, adotada por muitos países, de exibir um mínimo de obras nacionais no cinema ou na televisão.
Alemão
O CineCarioca Nova Brasília, no Conjunto de favelas do Alemão também será reformado. O volume de R$ 800 mil será usado em reparos elétricos, troca de ar-condicionado, projetor, poltronas e pipoqueira. Pelos dados da prefeitura, a programação da sala atende cerca de 60 mil pessoas de 15 comunidades da região. Por meio do subsídio da RioFilme, o CineCarioca Nova Brasília oferece, desde a reabertura em 2021, quatro sessões diárias de filmes com ingressos a R$ 5.
Os investimentos no setor de audiovisual também serão notados fora do país. Para a promoção internacional do audiovisual carioca, a prefeitura informou que uma missão com produtores audiovisuais da cidade, liderada pela RioFilme, estará no Festival de Cannes, na França, em 2024.
Além disso, haverá uma parceria para viabilizar um braço de mercado do festival francês Séries Mania Fórum na cidade durante o Rio Market, um dos eventos do Festival do Rio. A intenção é fazer o encontro entre realizadores cariocas e representantes internacionais, para a criação de parcerias no campo da promoção internacional do conteúdo audiovisual carioca. De acordo com a prefeitura, o Séries Mania é um dos maiores festivais de séries realizados no mundo.