Entidades e empresas ligadas à Articulação pela Mídia Negra entregaram à Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) uma lista com 59 reivindicações visando fomentar e incentivar produção e difusão de notícias que dizem respeito a comunidades negras, periféricas e indígenas.
A iniciativa é, segundo o grupo, uma forma de ajudar na promoção de igualdade racial na mídia, em especial nas lideradas e formadas por esses grupos em todo o país.
A ideia, segundo documento divulgado pelas entidades, é reivindicar abertura de diálogo com gestores de comunicação do governo Lula, para que o processo de regulamentação da mídia e as políticas de comunicação envolvam as demandas desses grupos.
Entre as entidades ligadas à Articulação pela Mídia Negra signatárias do documento estão a Comissão de Jornalistas de Igualdade Radial (Cojira); a Rede de Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação (Rede JP); a Rede Quilombação; a Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira); o Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc); Movimento Negro Unificado; Associação Nacional de Mídia Afro (Anma); e Conexões Periféricas.
Coordenadora da Rede de Jornalistas Pretos, Marcelle Chagas disse que as 59 propostas contaram com a participação de 55 organizações lideradas por comunicadores e jornalistas negros. “Entre as principais demandas apontadas está o fomento para que a população negra consiga desenvolver e implementar suas ações de comunicação com sucesso, tendo em vista que a população negra já é impactada de diferentes formas para desigualdade social”.
Segundo Marcelle, é necessário que se busque condições de sustentabilidade financeira para o desenvolvimento dessas ações de comunicação. Há também demandas visando equidade racial na comunicação pública, e mudanças nas regras de concessão de rádio e TV.
“São várias demandas que a gente pode trabalhar de diferentes formas e diversas faixas, mas é a partir de um entendimento coletivo da necessidade de a gente mudar essa estrutura que propaga desigualdade social também no campo da comunicação”, argumentou.
De acordo com o secretário de Análise, Estratégia e Articulação da Secom, Renan Brandão, já existem, no âmbito da Secom e do Ministério da Igualdade Racial, “tratativas avançadas para que a gente tenha uma comunicação antirracista”.
Brandão disse que as reivindicações ajudarão a enriquecer as propostas em elaboração pelo governo, visando políticas “públicas robustas” que possam ser implementadas, formuladas e implementadas na área de comunicação pública e governamental.