SP: trabalhadores pedem valorização do salário e queda dos juros
Com o slogan Emprego, Direitos, Renda e Democracia, as centrais sindicais realizam, nesta segunda-feira (1°), ato unificado para marcar o Dia Internacional do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença nos atos.
Durante a manhã, lideranças das centrais revezaram-se ao microfone, destrinchando suas 15 pautas de luta, enquanto o público chegava, aos poucos, e se acomodava no local, agitando bandeiras. Recordando a sequência de retrocessos que marcaram os últimos quatro anos do Brasil, os representantes dos trabalhadores destacaram como reivindicações a valorização do salário mínimo e dos servidores públicos, o fim dos juros elevados, o fortalecimento da negociação coletiva e da democracia, a geração de emprego e renda, a ampliação de direitos a todos, aposentadoria digna e a promoção da igualdade de gênero no mercado de trabalho.
Outra bandeira do movimento é a defesa da Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O dispositivo tem como meta fomentar políticas que igualem homens e mulheres, tanto em termos de oportunidades oferecidas quanto de tratamento, tendo em vista que uma série de responsabilidades, como tarefas domésticas e o cuidado dos filhos, é atribuída com maior peso às mulheres, o que as afeta profissionalmente.
Esse foi um aspecto abordado por diversas líderes mulheres que dividiram o palco, no início do ato, e chamaram atenção para o fato de que, na maioria das vezes, são as mulheres que desempenham o papel de cuidadora. "Se temos um parente doente, somos nós que cuidamos. Se temos filhos, somos nós que cuidamos. E, se temos sogro e sogra, somos nós que cuidamos", declarou a diretora Maricler Real, da Pública Central do Servidor.
A presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Guarulhos e Região, Telma Cardia, complementou a fala da diretora, afirmando que a pandemia de covid-19 atingiu, sobretudo, as trabalhadoras.
"Nós, mulheres, fomos mais prejudicadas", declarou. "Precisamos de mais emprego e salário digno. Nós ainda temos uma carga de trabalho mais elevada."
Os trabalhadores negros se viram representadas na fala de Simone Nascimento. "A princesa Isabel assinou a Lei Áurea, mas não assinou a carteira de trabalho", disse ela, lembrando a precarização que atinge mais gravemente essa parcela da população.
Outros princípios que norteiam a articulação deste ano são a regulamentação do trabalho por aplicativos, a defesa de empresas públicas, a revogação do novo ensino médio e de medidas que modificaram a legislação dos trabalhadores, como a reforma trabalhista. Também faz parte da pauta o desenvolvimento sustentável.
A programação do ato inclui ainda a participação de diversos artistas, como Zé Geraldo, o primeiro a se apresentar, por volta das 11h. Mais tarde, devem subir ao palco Leci Brandão, Toninho Geraes e Almirzinho, Dexter, Edi Rock, MC Sofia, Ilú Obá de Min, Arnaldo Tifu, DJ Cranmarry, Samantha Schmütz & Gêmeos, da série Sintonia.