Escola de samba mais antiga do Rio, Portela celebra 100 anos
Mais antiga e maior vencedora do carnaval carioca, a escola de samba Portela completa 100 anos hoje (11). Fundada em 11 de abril de 1923 no bairro de Oswaldo Cruz, parte da região administrativa de Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, a agremiação coleciona 22 títulos. O último foi conquistado em 2017, depois de mais de três décadas de jejum. Conhecida pelas cores azul e branca, e pelo símbolo da águia, é a única a participar de todos os desfiles da cidade.
Entre os sambas-enredo mais emblemáticos, alguns se destacam, como Lendas e Mistérios da Amazônia, de 1970, que trazia referências aos povos, lendas e folclores da floresta; Contos de Areia, de 1984, que homenageava Paulo da Portela, Natal e Clara Nunes, representados pelos orixás Oranian, Oxóssi e Iansã; e Gosto que me Enrosco, de 1995, sobre a história do carnaval no Brasil.
Nomes famosos do samba carioca fazem parte da história da escola: Paulo da Portela, Natal, Candeia, Monarco, Paulinho da Viola e Tia Surica. Esta última é a atual presidenta de honra. O presidente em exercício é Fábio Pavão, eleito no ano passado. Quem conhece bem esse legado centenário é o compositor Noca da Portela. Ele tem 90 anos de idade e é autor de sambas-enredo premiados no carnaval.
“Para mim, Portela não é somente uma escola. É uma religião onde todos nós, velhos e moços, cantamos, compomos, no mesmo catecismo do samba. É uma tradição. A Velha Guarda é toda descendente dos grandes poetas da escola. Desde pequeno, o portelense aprende a amar a escola, dar tudo na avenida e fazer de tudo para a Portela ser vitoriosa. É uma grande família.”
Com 84 anos, a porta-bandeira Vilma Nascimento, também conhecida como Cisne da Avenida, tem muito orgulho da Portela. Ela desfila pela agremiação desde 1957.
“Eu amo aquela avenida, eu posso até deixar de aparecer na quadra da escola, mas na avenida eu já disse: me levem até de cadeira de rodas. Quando sofri um desastre em São Paulo, levei 32 pontos na cabeça. Fui operada na semana do carnaval. Eu fui para a avenida cheia de pontos. Gosto muito de carnaval. Fui criada desde pequenininha no meio. Eu vivo pra isso.”