“Não podia ser diferente essa inquietação, são as pessoas querendo conhecer melhor o projeto. Todas as pessoas que já viram, foram mais de 500, aprovaram e sabem da beleza, não só arquitetônica, mas também da qualidade de sustentabilidade, do que vai agregar de valor para a visitação. E vai colocar a experiência turística do Rio de Janeiro em outro patamar.”
Outras entidades contrárias
Outras entidades não querem a instalação da tirolesa. A Associação de Moradores da Urca, bairro onde está situado o Pão de Açúcar, defende que a tirolesa vai descaracterizar o monumento. Para a associação, ele deveria ser “um mirante com uma paisagem inigualável para contemplar” e vai virar “um parque radical onde a adrenalina predomina”. A Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (Femerj) também disse ser contrária às intervenções nos cumes do Morro da Urca e do Pão de Açúcar, e na estação da Praia Vermelha. A reportagem da Agência Brasil tentou entrar em contato para apurar os argumentos da entidade, mas ainda não teve resposta.
Em publicação recente, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) considerou que há uma ameaça à integridade da paisagem. Para a Abap, as administrações públicas devem se posicionar contra as intervenções, porque o monumento geológico “não pode sofrer qualquer modificação, mesmo que ‘quase transparente’”. A entidade afirmou que o “Pão de Açúcar está ‘pronto’ e, como tal, não precisa de qualquer acréscimo”.
Prefeitura e Iphan
A prefeitura do Rio informou, em nota, que fiscalizou as obras da tirolesa no dia 7 de março. Ao verificar que havia perfurações em rochas, suspendeu os trabalhos no trecho e acionou a Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio). O órgão municipal emitiu uma licença para a continuidade das obras no dia 21 de março. A aprovação foi dada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), que não registrou “descumprimento de qualquer condicionante do licenciamento do projeto”.
Devido ao fato de o Complexo do Pão de Açúcar ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1973, interferências no local também precisam do aval do órgão federal. O Iphan informou que existem dois projetos para o Parque Bondinho Pão de Açúcar. O primeiro é a instalação da tirolesa, que o órgão já aprovou e faz vistorias quinzenais. Além disso, afirma ter orientado a empresa responsável pelas obras a adotar procedimentos que diminuam o impacto visual da nova estrutura e preservem o “valor paisagístico do Pão de Açúcar, que fundamenta o tombamento”. O que foi contemplado no projeto aprovado.
O segundo projeto de intervenção é um Plano Diretor com propostas para as três estações do complexo Pão de Açúcar. Esse ainda está nos trâmites iniciais de análise pela área técnica do órgão no Rio de Janeiro. O plano será apresentado no Comitê Gestor da Paisagem Patrimônio Mundial, que está em fase de reinstalação.