A invasão do garimpo ilegal às terras no oeste de Roraima gerou não apenas problemas ambientais, sanitários e confrontos diretos entre garimpeiros e indígenas, mas também amplificou conflitos entre as próprias comunidades yanomami. Questões como a cooptação de jovens indígenas pela atividade de extração do ouro, a disseminação de bebidas alcoólicas e a proliferação de armas de fogo foram responsáveis pelo aumento da violência entre comunidades.
“Os invasores contribuíram muito para crescerem mais os conflitos yanomami. Os garimpeiros levaram muitas armas de fogo para as comunidades. Ano passado, tivemos um problema muito grande em Xitei, onde adolescentes de 12, 13 e 14 anos beberam e mataram uns aos outros, com [revólver calibre] 38. Está muito tenso porque os garimpeiros armaram muito os yanomami”, diz Júnior Hekurari Yanomami, que preside Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY).
Segundo Júnior, entre as regiões onde a violência intertribal aumentou depois da chegada dos garimpeiros estão Tirei, Xitei e Homoxi. De acordo com ele, alguns dos invasores dão armas para os yanomami, inclusive, para que os indígenas façam a proteção ao garimpo contra comunidades que são contra a atividade de mineração do ouro.
Missionário
O padre italiano Corrado Dalmonego viveu 14 anos entre os yanomami da região do Rio Catrimani. Fluente na língua yanomami, a mais falada entre os povos originários do oeste de Roraima, o padre integra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade vinculada à Igreja Católica que lida com questões indígenas.