Grande, crocante, saborosa, resistente e produzida numa região com bom potencial turístico: a goiaba paranaense de Carlópolis conquistou, em 2016, o selo de Indicação Geográfica (IG), concedido a produtos reconhecidos por tradição e qualidade, o que os torna únicos no mundo. O Caminhos da Reportagem, que será reprisado neste domingo (8), vai mostrar quais são os diferenciais da goiaba, as histórias dos produtores e as belezas, aventuras e delícias gastronômicas da região produtora da fruta.
A Indicação Geográfica (IG) de Carlópolis atesta a goiaba de dois municípios do Paraná: Carlópolis e Ribeirão Claro. Hoje, 36 fruticultores são associados à Cooperativa Agroindustrial e 10 deles já têm o selo da IG.
A visibilidade alcançada com a Indicação Geográfica e com a certificação Global G.A.P (Good Agriculture Practices) alavancou as exportações da goiaba de Carlópolis, que cresceram 1.142% em dois anos. Um salto de 5,2 toneladas de janeiro a junho de 2020 para 65,2 toneladas no mesmo período deste ano. Inglaterra, Portugal, Canadá e Oriente Médio são os principais destinos da fruta.
A gerente de vendas da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis e também produtora de goiaba certificada, Inês Sasaki, tem participado de feiras internacionais. “Eu fui para Espanha. E a gente levou a nossa goiaba. Ficava todo mundo admirado com a qualidade que a gente tem”, se orgulha.
Ela explica que o mercado externo estipula um preço fixo para a fruta maior que o mercado interno que, além de tudo, apresenta oscilação ao longo dos meses. “Em janeiro e fevereiro de 2022, o preço dentro do Brasil ficou em torno de R$ 2. A partir de maio melhorou o valor e oscilou entre R$ 2 e R$ 3, até que em agosto atingiu R$ 4,50, enquanto, no exterior, foi vendida por R$ 4, de janeiro a agosto, sem qualquer variação.”
Inês explica que a redução do agrotóxico foi essencial. “Todo ano, a gente faz um teste de laboratório com as frutas, para ver se não está constando resíduo e também na água para ver se não está contaminada”.
O resultado positivo foi possível com a técnica do ensacamento, para evitar a mosca da goiaba. “A partir do momento que a gente ensaca, a gente não passa mais nada, ela fica em torno de 60 dias ensacada sem agrotóxicos. Então, a gente faz todo esse trabalho, que é manual, difícil, mas é uma segurança tanto para o produtor como também para o consumidor”, avalia Inês.
Além disso, outros fatores que diferenciam a goiaba de Carlópolis são a espessura da casca e o tamanho da fruta.
“Ela tem uma casca mais grossa que permite um transporte maior, melhor comercialização, o espaço dela na gôndola do mercado, faz com ela resiste mais”, explica o produtor certificado Rodrigo Viana. Ele diz que a variedade de goiaba cultivada nessa IG pode pesar em média 500 gramas ou mais e que, devido ao tamanho, é considerada uma goiaba de mesa.
O Sebrae nacional e o Sebrae em cada estado têm ajudado a mapear e a implementar as IGs pelo Brasil. Atualmente, são 92 reconhecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Dessas 92, a analista de inovação do Sebrae Nacional, Hulda Giesbrecht, explica que 69 são da modalidade indicação de procedência, que tem o registro baseado na reputação da região em produzir determinado produto, e 23 são da modalidade denominação de origem, em que se há uma comprovação por estudo técnico científico das características e qualidades do produto com os fatores naturais e humanos da região. No caso da IG Carlópolis, a goiaba é uma Indicação de Procedência.
Área turística