Rio inaugura mais duas placas em imóveis onde viveram membros da ABL
Representada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), a prefeitura do Rio de Janeiro deu continuidade, nesta semana, à inauguração de placas azuis do Patrimônio Cultural, dentro do Circuito da Literatura, em homenagem a imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL). O IRPH é vinculado à Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (SMPU).
No último dia 20, data em que a ABL fez 125 anos, dois imóveis no Cosme Velho, zona sul da cidade, receberam as tradicionais placas azuis, em homenagem a Machado de Assis e Austregésilo de Athayde, que foram, respectivamente, primeiro presidente e presidente mais longevo da instituição. Criado para levar à população informações sobre os imortais e os locais onde viveram no Rio de Janeiro, o Circuito da Literatura teve 107 endereços eternizados pela prefeitura em decreto publicado no Diário Oficial do Município.
Agora são três as estações do Circuito da Literatura. A primeira placa do circuito foi instalada em dezembro do ano passado na Rua São Clemente, 421, em Botafogo, zona sul, onde morou o crítico literário, poeta, orador e advogado Rodrigo Octavio Filho, ocupante da Cadeira 35 ABL.
Concebido inicialmente com o nome Onde Moravam os Acadêmicos, o projeto passou a ser chamado Circuito da Literatura, ao integrar os circuitos do Patrimônio Cultural Carioca.
Austregésilo e Machado
Terceiro ocupante da Cadeira 8 e presidente da ABL de 1959 a 1993, o jornalista Austregésilo de Athayde foi um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. Ele teve a placa inaugurada no imóvel onde morou, na Rua Cosme Velho, 599. A cerimônia contou com a presença da presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Blasi; do presidente da ABL, jornalista Merval Pereira; e de Roberto Athayde e Paula Sandroni, respectivamente filho e neta do homenageado.
Na ocasião, Paula Sandroni destacou a felicidade da família com o convênio firmado entre a prefeitura e a ABL, valorizando a literatura. “A vida toda do meu avô foi essa: jornalismo, literatura e, principalmente, Academia Brasileira de Letras. Então, eu tenho certeza de que ele está feliz, assim como todos nós estamos na família”, disse Paula.
A segunda placa foi afixada na parede do Capitu Café, na Rua Cosme Velho, 174, endereço onde ficava a última residência do jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo Machado de Assis. O escritor nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, onde morreu em 29 de setembro de 1908. Machado foi o fundador da Cadeira 23 da ABL.
Circuitos
O Circuito da Literatura é o 22º dos circuitos do Patrimônio Cultural Carioca, que sinalizam bens culturais espalhados por toda a cidade. Destacam-se, entre eles, os circuitos Liberdade, Art-Déco, Cinemas, Trem, Botequins, Águas, Samba, Bossa Nova, Praça Tiradentes, Herança Africana, Choro e Negócios Tradicionais.
Segundo a presidente do IRPH, Laura Di Blasi, o objetivo do projeto é informar o público sobre o rico acervo de bens culturais e de personalidades que fazem parte da cultura carioca. “O Circuito da Literatura chega para agregar valor a esse projeto, estabelecendo um mapeamento e identificando os locais onde residiram intelectuais e escritores que integraram a Academia Brasileira de Letras desde a sua fundação, em 1897”, informou. .
Os imóveis onde moraram os imortais da ABL serão gradativamente sinalizados com as tradicionais placas azuis. A lista inclui ainda os acadêmicos Rachel de Queiroz, Nelson Pereira dos Santos, Antonio Callado, Darcy Ribeiro, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Roberto Marinho, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Jorge Amado e Zélia Gattai.
As placas de identificação de bens e locais de relevância começaram a ser instaladas pela prefeitura do Rio em 1992. Desde 2010, porém, os circuitos do Patrimônio Cultural Carioca deixaram de ser focados em arquitetura e passaram a abranger temas livres, ligados à cultura e à identidade carioca. Por meio da fixação de uma placa informativa, a prefeitura seleciona locais de destaque para cada tema. Em cada placa, os visitantes podem saber um pouco mais sobre o local e sua importância para a história da cidade e para o tema em questão.