Bidú Sayão foi uma desbravadora, diz Edson Cordeiro

Por Agência Brasil

Erudito, popular, versátil. O cantor brasileiro Edson Cordeiro, de 55 anos, aclamado pela crítica mundial, entende que Bidú Sayão (nascida há 120 anos) deve servir de inspiração para artistas brasileiros. “Nós deveríamos sentir sempre muito orgulho desses cantores desbravadores. Porque ela estava sozinha como uma cantora brasileira levando e cantando a música”, afirmou em entrevista exclusiva à Agência Brasil.*/


Agência Brasil - A Bidú chegou a ser criticada por fazer a vida fora do país, e chamada de antipatriótica. Você também vive fora do Brasil. O nosso país acolhe menos a arte do cantor lírico?
Edson Cordeiro - É interessante imaginar que ela foi criticada por ter saído do Brasil e ter sido chamada de antipatriótica. É quase engraçado porque, na verdade, eu vivo aqui na Alemanha e vejo que os cantores que cantam ópera aqui, raramente, eles são alemães. Eles são cantores dos Estados Unidos, do Japão, de todos os dos lugares do mundo. Por todos os lugares, a gente viaja.  A Amália Rodrigues sofreu da mesma crítica quando ela levou o fado pra fora de Portugal. Talvez a gente tenha esses ciúmes dos nossos artistas. Eu não sei o que seria isso. Mas a Bidú Sayão, muito pelo contrário, levou o Brasil para fora. Ela sempre fez questão de levar o nome da cantora brasileira, entendeu? Nós deveríamos sentir sempre muito orgulho desses cantores desbravadores porque ela estava sozinha como uma cantora brasileira levando cantando a música. A ópera é um lugar que não não existe pátria. A ópera abriu mais a multiculturalidade.  A gente tem que agradecer Tom Jobim, esses artistas que levam o Brasil para fora com tanta dificuldade. Eles são realmente os nossos embaixadores.  E eu, na verdade, tenho uma situação bem diferente.  Eu sou um cantor popular e eu estou aqui com todo o meu reconhecimento. Tudo o que eu conquistei foi no Brasil. Só estou na Alemanha porque o Brasil disse sim pra mim antes. A minha carreira é o meu público brasileiro. Eu estou sempre no Brasil fazendo shows. Antes da pandemia, eu ia com mais frequência. Bidú  teria que ir pra Europa. Ela teria que viajar pra cantar porque eu vejo que isso acontece com todos os cantores líricos.


 

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