A iniciativa internacional de conscientização ambiental Cada Lata Conta, criada no Reino Unido em 2009 e que já se encontra em 19 países, estreia hoje (20) na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Inédita, a ação é trazida para o Brasil pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) e ficará no Sambódromo durante todos as apresentações das escolas de samba, inclusive no desfile das campeãs, no próximo dia 30.
O presidente da Abralatas, Cátilo Cândido, disse à
Agência Brasilque o objetivo é inspirar, encorajar as pessoas, capacitar um pouco, falando de educação ambiental. Esta é a meta principal do movimento Cada Lata Conta, que defende a reciclagem de 100% das latas consumidas. “As latas são, hoje, o material mais reciclado do mundo”, afirmou o presidente da Abralatas. Levantamento recente da Abralatas revela que o Brasil atingiu o recorde de 33 bilhões de latas recicladas em 2021, com índice de 98,7%. O resultado manteve o país na liderança do ranking de nações que mais reciclam esse tipo de embalagem.
De acordo com, Cátilo Cândido, a ideia é incentivar os foliões e consumidores presentes na Sapucaí a dar preferência ao uso de embalagens de alumínio. "Primeiro, escolher a latinha como a melhor embalagem, principalmente por ser o produto mais sustentável do mundo. Em segundo lugar, explicar que, depois de consumida [a bebida], é preciso esvaziar a lata, amassar, não tirar o lacre e, depois, separar com outros materiais recicláveis.”
Catadores
Cândido ressaltou que a reciclagem é importante não só em casa e no carnaval, na Sapucaí, mas também tem papel fundamental para a economia. “Além disso, a reciclagem não tem classe social e é uma obrigação de todos. Nós aproveitamos um movimento que é mundial, e nada melhor que os desfiles das escolas na Sapucaí, evento que é considerado um dos maiores do mundo, para termos oportunidade de inspirar e explicar um pouco para o consumidor a importância dessas etapas na escolha da embalagem para a bebida.”
Na Passarela do Samba, a ação conta com a parceria da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, cujos integrantes farão todo o trabalho de coleta, triagem e destinação adequada das latinhas coletadas durante os desfiles. “Para nós, os catadores, no Brasil todo, têm papel importante na roda da economia circular”.
A iniciativa, que tem ainda apoio da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), tem programadas ações educativas, com a distribuição de 3 mil sacolas biodegradáveis para separação correta de descartes. Cátilo Cândido acentuou que a intenção é fazer da iniciativa agora um caso de sucesso “para que possa se repetir e até melhorar nos próximos carnavais”.
Equipes da Abralatas, no total de 80 pessoas, estão envolvidas na ação de conscientização ambiental ao lado dos catadores, respondendo pela logística, pesagem do material recolhido e produção do evento. Mochilas adaptadas com orifícios para coleta das latinhas de alumínio estarão à disposição dos foliões.Segundo o presidente da Abralatas, a ideia é fazer um evento com a cara do carnaval, divertido e alegre. As equipes estarão distribuídas ao longo de toda a Passarela do Samba, em todos os desfiles. A estimativa é recolher em torno de 5 toneladas de latinhas de alumínio.
Virando renda
Cátilo Cândido reforçou que, na Sapucaí, o intuito é mostrar para o folião que aquela lata de bebida que ele está consumindo ali no momento de lazer já está sendo recolhida e destinada à cooperativa de catadores. “Ou seja, já está virando renda”. E será possível acompanhar o processo no local. “É um movimento com uma roupagem diferente, mais moderna, com a cara do carnaval, como deve ser. A coleta de resíduos não pode ser diferente. Tem que ter a mesma roupagem e o mesmo espírito que toda festa tem”. Essa nova cultura já está sendo adotada em muitos países pelo mundo, destacou.
Na opinião de Cândido, a vantagem do alumínio é que ele não perde a qualidade com a reciclagem. Depois de coletadas e recicladas, as latas viram matéria-prima novamente e as novas podem ser disponibilizadas em pontos de venda em 60 dias. “Nós não podemos ver a latinha, depois de consumida [a bebida], como lixo. Ali está uma matéria-prima, uma oportunidade de geração de renda, de emprego. Cabe a nós, e a toda a sociedade, comércio, governo, cada vez mais, espalharmos essa notícia e incentivarmos as pessoas a escolher a latinha e manter essa roda circulando na economia”.