Os pais também precisam devem ter acompanhamento psicológico, indica a profissional. “Os pais com certeza precisam buscar um acompanhamento e um suporte psicológico, não tem como fugir disso. Cada um trabalhando na sua terapia, não é em casal, não é trabalhar os pais como casal, e sim cada um na terapia individualmente”.
Para os pais que estão passando por esta fase, com filhos em tratamento contra o câncer, a Gislaine, mãe do Matheus, tem um conselho. “Aos pais que estão passando pelo mundo da oncologia, eu não sei o motivo pelo qual passamos por isso, mas sei que fomos especialmente escolhidos para cuidar dos nossos pequenos guerreiros, e podemos aprender muito com o mundo da oncologia, principalmente a viver a vida como ela deve ser vivida, com muito amor e intensidade. Tenham fé porque é no impossível que os milagres acontecem”.
O carinho da equipe médica também fundamental, acredita a oncologista Ana Luiza. “Tem uma frase que gosto muito que é sobre o dever do médico: ‘Curar às vezes, aliviar muito frequentemente e confortar sempre’ [Oliver Holmes]. Ao escolhermos a medicina como profissão, devemos saber de antemão ser esta uma área onde há necessidade de grande comprometimento e responsabilidade, pois o nosso principal instrumento de trabalho é o ser humano, a vida”.
E a vida do Matheus foi tão bem acolhida pela médica que o Matheus vai fazer parte de um momento importante da vida da Ana Luiza. Ela vai se casar em abril e Matheus vai ser o pajem. Livia, outra paciente curada, vai ser a dama de honra. “É muito amor de ambas as partes", frisou a oncologista.
Vida após o tratamento
Periodicamente devem ser feitas reavaliações através de exames e consultas, por no mínimo cinco anos após o último dia de tratamento. “Isso porque consideramos uma criança curada, quando ela completa cinco anos do último dia do seu tratamento. Pode ser que algum órgão tenha sido afetado pelo tratamento e essa criança tenha alguma sequela, nesses casos, muitas vezes é necessária reabilitação, medicamentos de uso contínuo e cuidados especiais.
Os cuidados psíquicos também continuam, lembra a psicóloga Michelle Servelhere Gizzi.
“Essa criança vai ficar com sequelas cognitivas da quimioterapia, então é muito importante que essa criança tenha um acompanhamento neuropsicológico através de testes, justamente para que se possa aferir quais foram as deficiências e as sequelas cognitivas. No período escolar, é importante uma assistência integral e também o monitoramento do seu desenvolvimento escolar, justamente para que essas dificuldades possam ser minimizadas e a criança não sinta tanto o impacto”, enfatizou a especialista.
Taxa de sobrevida
A taxa de sobrevida é utilizada pelos médicos como uma forma padrão para discutir o prognóstico de um paciente com câncer. A taxa de sobrevida em cinco anos se refere à porcentagem de crianças que vivem pelo menos cinco anos após o diagnóstico da doença. Entretanto, muitas crianças vivem muito mais tempo do que cinco anos e muitas são curadas definitivamente.
“As taxas de sobrevida são, muitas vezes baseadas em resultados anteriores de um grande número de crianças que tiveram a doença, não sendo possível prever o que vai acontecer com cada criança individualmente. Conhecer o tipo de leucemia é importante na estimativa do prognóstico de cada criança. Muitos outros fatores podem afetar o prognóstico de uma criança, como idade, localização do tumor e como a doença está respondendo ao tratamento”, observou a oncologista.
Genética e leucemia
Certas doenças hereditárias podem aumentar o risco de leucemia, mas a maioria dos casos de leucemia em crianças não parece ser causada por mutações hereditárias. “Geralmente, as alterações do DNA relacionadas com a leucemia se desenvolvem após o nascimento, finalizou a médica.