Há dois anos e meio, Karin Aranha, mãe de Adam Ahmed Tarek Aranha, trava uma batalha incansável para reaver a guarda de seu filho, que tinha apenas três anos quando foi levado ilegalmente pelo pai em setembro de 2022. O caso, que envolve o sequestro internacional de um menor brasileiro/americano, mobilizou a justiça brasileira, a Polícia Federal e a Interpol, além de contar com o apoio da Embaixada Brasileira no Cairo.
O sequestro e o desaparecimento de Adam
Em 19 de setembro de 2022, Karin retornou ao Brasil após uma temporada de trabalho em Londres, apenas para descobrir que seu marido, Ahmed, havia desaparecido com o filho do casal. A residência estava revirada, e todos os documentos pessoais de Karin e do filho haviam sido levados, junto com uma quantia de R$ 15.000,00 que a brasileira havia enviado para a família.
Karin imediatamente registrou um Boletim de Ocorrência e iniciou um processo judicial para recuperar Adam. Em 22 de setembro, a Justiça brasileira determinou a proibição de Ahmed sair do país com o menor, mas já era tarde. Um dia após a decisão, Karin recebeu uma vídeo-chamada do ex-marido, que revelou que estavam no Egito, um país não signatário da Convenção de Haia, e onde, portanto, a situação se complicava ainda mais.
Ahmed teria feito uso de passaporte brasileiro vencido, com autorização expirada, para retirar o menor do país, usando o passaporte americano de Adam, que nasceu nos EUA, para ingresso no Egito.
O Ministério Público Federal, após apuração, instaurou um inquérito para investigar o crime de sequestro internacional de menor, e o vice-cônsul brasileiro no Cairo chegou a se encontrar com Adam em março de 2023. No entanto, a partir do mês de junho do mesmo ano, Ahmed deixou de ser colaborativo com a Embaixada, e o setor consular teria sido notificado de que o pai teria abandonado o endereço conhecido. Desde então, o paradeiro de Adam tornou-se desconhecido, e a Embaixada Brasileira no Egito não obteve resposta ao solicitar apoio das autoridades locais para localizá-lo.
No atual inquérito policial, Ahmed foi incluído na difusão vermelha da Interpol. Além disso, foi solicitada a inclusão de Adam na difusão amarela, para localizar o menor.
Ameaças e novas providências
Nos últimos meses, a situação se agravou. Ahmed teria passado a enviar mensagens ameaçadoras a Karin, incluindo ameaças de morte e de que nunca mais permitiria que a mãe visse o filho. O clima de tensão levou à concessão de medidas protetivas em favor de Karin, além de novas solicitações de extradição de Ahmed, que continua foragido.
Em um último esforço para localizar o menor, em dezembro de 2024, foi solicitado à Embaixada Brasileira no Egito que fornecesse informações sobre Adam, como prova de vida e paradeiro. A mãe, desesperada, continua a aguardar uma resposta das autoridades e pressiona por uma ação efetiva dos órgãos brasileiros, já que o país tem boas relações com o Egito. Advogados especialistas acreditam que, caso não seja possível a extradição de Ahmed, ele poderia cumprir pena no próprio país, no Egito.