Violência doméstica: um problema global

A violência doméstica afeta 12 milhões de pessoas nos EUA por ano, e encontra vítimas modelo em imigrantes

Por Lara Barth

1 em 4 mulheres sofrem violência doméstica em algum momento da vida

A violência doméstica é um problema significativo nos Estados Unidos, afetando milhões de pessoas anualmente, principalmente mulheres, embora homens também possam ser vítimas. O abuso pode ser físico, emocional, psicológico, sexual ou financeiro, e muitas vezes ocorre em ciclos de controle e manipulação. Segundo dados do National Coalition Against Domestic Violence (NCADV), uma em cada quatro mulheres e um em cada nove homens sofrem violência doméstica em algum momento da vida. A pandemia de COVID-19 agravou esse cenário, com um aumento nos casos devido ao isolamento social e ao estresse econômico.

Embora existam leis federais e estaduais para combater a violência doméstica, como a Lei de Violência Contra a Mulher (VAWA), a implementação e o acesso a recursos de apoio ainda são desiguais, especialmente em áreas rurais. A conscientização e a educação sobre o problema são fundamentais para quebrar o ciclo de violência. Organizações de apoio, como abrigos e linhas diretas de ajuda, desempenham um papel vital, mas a resposta social e judicial precisa ser mais eficaz. Além disso, é essencial que a sociedade como um todo trabalhe na prevenção e no apoio às vítimas, garantindo sua segurança e bem-estar, por isso é tão importante a conscientização social acerca desse problema que atinge tantas mulheres e famílias.

Para mulheres imigrantes em outros países, a violência doméstica é uma questão complexa e alarmante, marcada por fatores como vulnerabilidade social, econômica e cultural. Muitas dessas mulheres enfrentam barreiras linguísticas, falta de conhecimento sobre seus direitos e medo de represálias, especialmente em contextos onde sua imigração é irregular. Além disso, a dependência financeira de seus parceiros, a ausência de uma rede de apoio local e o medo de deportação muitas vezes as mantêm em silêncio, impedindo que busquem ajuda. Em muitos casos, elas não têm acesso a serviços de apoio adequados ou enfrentam discriminação ao tentar denunciar o abuso. Esses fatores combinados tornam as mulheres imigrantes alvos mais fáceis para abusadores, perpetuando ciclos de violência e dificultando a busca por justiça e proteção.

Patrícia de Souza, uma brasileira residente na Flórida, foi uma das vítimas desse tipo de violência após conhecer um outro brasileiro imigrante e se relacionar com ele. Os problemas começaram após a descoberta de mensagens no celular do homem com outras mulheres, que, após ser questionado, se tornou agressivo. Após o episódio, ele voltou arrependido, pediu desculpas, outro comportamento típico do ciclo de um relacionamento abusivo. Logo depois a violência se repetiu.

Patrícia teve forças para deixar o relacionamento e buscar ajuda antes que fosse tarde e o relacionamento se tornasse mais sério, mas muitos não tem a mesma oportunidade. Uma média de 24 pessoas por minuto são vítimas de estupro, violência física ou perseguição por um parceiro íntimo nos Estados Unidos - mais de 12 milhões de mulheres e homens no decorrer de um único ano. Para reduzir esses números alarmantes, é necessário se manter sempre informado sobre o problema, tanto para ajudar quem precisa, quanto para evitar se tornar vítima de uma situação semelhante, que pode acometer qualquer pessoa.

Com esse objetivo, muitas organizações procuram deixar a questão permanentemente em evidência. A Hope & Justice Foundation está promovendo o I Congresso Internacional Human X 2024, que acontecerá de 20 a 22 de novembro, em Orlando, na Flórida. O evento reunirá especialistas de diferentes áreas e países, como Estados Unidos, Canadá e Brasil, para discutir prevenção e combate ao tráfico humano, violência doméstica e abuso sexual infantil.

Com uma programação diversificada, o congresso abordará temas como identificação e combate ao tráfico humano, estratégias de apoio a vítimas de violência doméstica e proteção infantil. A iniciativa busca fortalecer a conscientização global sobre esses crimes e promover soluções eficazes. Além de palestras e workshops, o evento oferece oportunidades de networking e colaboração entre autoridades, ativistas e representantes da sociedade civil. A Hope & Justice Foundation, que atua na proteção e apoio às vítimas, também promoverá a entrega de uma proposta legislativa para ampliar a proteção legal contra a violência doméstica na Flórida.