Mortes de crianças esquecidas em carros sob forte calor acontecem pelo menos 38 vezes por ano em todo o país, segundo o Conselho Nacional de Segurança. É o pesadelo de todos os pais, mas acontece. No ano passado, esse número foi ainda maior: 52 vezes, quase uma vez por semana. Este ano, 24 casos já foram registrados, sendo quatro na Flórida - o segundo estado com mortes do tipo - de acordo com dados da Kids and Cars, uma organização sem fins lucrativos que rastreia esse tipo de morte.
Apesar de acontecer nacionalmente, Texas e Flórida lideram em mortes por insolação, com 123 e 91, respectivamente, entre 1998 e 2018, segundo outra organização, a NoHeatStroke.org.
Na Flórida, o último caso relatado é do menino Noah Sneed, de dois anos, encontrado sem vida na tarde de segunda-feira, 29, dentro de uma van estacionada em frente ao Daycare & Preschool de Ceressa em Oakland Park. A creche foi fechada para investigação e a causa mais provável é hipertermia causada por insolação. No dia, a temperatura máxima atingiu 90°F (32°C) na área.
Como o caso está sob investigação, ainda não sabe exatamente quanto tempo o garoto ficou dentro do veículo. "Em um dia quente, nos primeiros 10 minutos, a temperatura dentro de um veículo fechado pode aumentar até 20°F e depois aumenta gradualmente. Depois de uma hora, a temperatura dentro de um veículo trancado pode ser de 40°F a 50°F mais quente do que do lado de fora", explica Janette Fennell, presidente e fundadora da Kids and Cars.
“Meu bebê era uma criança muito alegre, eu vou sentir muita falta dele. Eu só quero justiça”, disse Chanese Sneed, mãe de Noah, ao o Sunsentinel. Uma página no GoFundMe para ajudar a mãe com despesas.
Três dias antes, na sexta-feira, 26, dois irmãos gêmeos de um ano de idade morreram depois de passarem oito horas dentro de um carro sob forte calor em Nova York. O pai, Juan Rodriguez, de 39 anos, deveria ter levado as crianças para a creche, mas esqueceu e foi trabalhar, segundo boletim policial. Acusado de negligência e homicídio culposo (sem intenção de matar), Rodriguez pagou fiança e responde ao processo em liberdade.
Devastada, a mãe, Marissa A. Rodriguez, disse que o marido é excelente pai e jamais faria mal de forma intencional aos filhos. “Estamos vivendo um pesadelo. Estou devastada da pior forma que vocês puderem imaginar, mas ele é meu marido e ótimo pai. Ele jamais faria qualquer coisa para machucar nossos filhos de forma proposital”, desabafou Rodriguez no tribunal.
Segundo o Departamento de Polícia de Nova York, o menino e a menina chamados Luna e Phoenix, foram encontrados inconscientes e já sem sinais vitais no banco de trás de um Honda no Bronx. Eles foram declarados mortos no local.
87% das vítimas de insolação têm três anos ou menos
Segundo Fennell, uma criança acidentalmente deixada em um veículo quente morre por hipertemia causada por insolação. 'Para uma criança morrer, é quando a temperatura atinge talvez 106°F ou 107°F", aponta. "E seus pequenos corpos aquecem três a cinco vezes mais rápido que o nosso. Uma criança provavelmente começa a ficar tonta, desorientada e agitada. Eles podem até ter uma convulsão", ressalta. Cerca de 87% das vítimas de insolação têm três anos ou menos, cita a NoHeatStroke. E quase um terço das mortes ocorrem em crianças com menos de um ano de idade. Na maior parte das vezes, as crianças foram esquecidas dentro dos veículos pelos pais ou os motoristas responsáveis em caso de veículos escolares, por exemplo. Mas como "esquecem" uma criança dentro do carro? Como evitar esse tipo de fatalidade, ainda mais no verão, quando a temperatura ultrapassa os 100°F (37°C) em alguns lugares do país? De acordo com o NoHeatStroke.org, mais da metade das fatalidades acontece quando os pais esquecem do filho no banco de trás. Outros 26% das crianças depois de entrar no carro por conta própria, e cerca de 18% foram deixados intencionalmente. Um estudo deste ano descobriu que mais de 60% dos adultos responsáveis ??eram pais da vítima."Deu 'blackout' e isso é real, pode acontecer com qualquer um"
"Me deu um 'blackout'. Pode parecer mentira, mas infelizmente isso é real, acontece e pode acontecer com qualquer um e não tem nada a ver com amar menos ou não amar o filho, tem a ver com a rotina, com a mente da gente naquele momento e com o que não estamos acostumados a fazer", relata Pamila Amorim, mãe de Vitória, 11 anos, e Pedro, 8. Veja o relato da brasileira na entrevista completa "Deu 'blackout' e isso acontece, é real", conta brasileira que esqueceu filho no carro em NY.