O tatu-bola é uma espécie de tatu pertencente ao gênero “Tolypeutes”, “Tolypeutes tricinctus” e “Tolypeutes matacus”, popularmente conhecido como mataco e tatu-bola-da-caatinga. O animal é encontrado em países da América do Sul como Brasil, Paraguai, Bolívia e Argentina, porém, a “Tolypeutes tricinctus” é endêmica do Brasil.
São as únicas espécies de tatus que conseguem se enrolar dentro da carapaça externa num formato circular até assumirem a forma de uma bola. Segundo dados recentes da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais) o tatu-bola-da-caatinga está ameaçado de extinção.
No dia 16 de setembro de 2012, o tatu-bola-da-caatinga foi escolhido pela FIFA para ser o mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014. A entidade enfatizou a importância que o animal simbolizaria a favor da proteção da natureza no decorrer da realização do evento sediado no Brasil. O mascote recebeu o nome de “Fuleco” e agradou toda a comunidade ambientalista do Brasil e o público em geral como um incentivo para a proteção dessa espécie.
Porém, apesar de ter sua imagem utilizada no marketing de produtos de patrocinadores oficiais da FIFA, o Fuleco não apareceu no dia da abertura da Copa 2014 e permaneceu esquecido publicamente durante a realização dos jogos e nos eventos paralelos como a Fan Fest da FIFA. Boa parte do dinheiro arrecadado com as ações comerciais envolvendo a imagem do mascote seriam destinadas para projetos ambientais de proteção ao tatu-bola por meio da Associação Caatinga, organização não governamental que apoiou a escolha do animal como mascote e outros grupos de proteção. Porém, a FIFA realizou um acordo de última hora com os diferentes grupos que trabalham pela preservação do animal com a oferta de um valor total muito baixo para a implementação de projetos.
Enquanto que a FIFA teve lucro de mais de $2,5 bilhões de dólares nos quatro anos de preparação da Copa 2014 (sem pagar impostos), a entidade futebolística ofereceu apenas $300 mil dólares a ser depositado em parcelas pagas nos próximos dez anos. Depois de 16 meses de negociações entre os grupos ambientalistas de proteção e a FIFA, o valor oferecido foi considerado indecoroso e fora da realidade científica para elaboração e implementação de projetos de proteção de espécies ameaçadas.
Independente se o mascote Fuleco será lembrado ou esquecido nas mídias, a oferta de um valor irrisório por uma entidade bilionária responsável pela realização de Copas e pela normatização do futebol no mundo nos demonstra que a FIFA, até o dia 18 de junho de 2014, não assumiu nenhuma responsabilidade socioambiental favorável à proteção do animal símbolo da Copa 2014, sendo irresponsável também desde a construção de estádios com baixa preocupação com o impacto ambiental de cada obra, com a inexistência de projetos de reaproveitamento da água e da luz solar nas arenas para mitigar os impactos ambientais negativos que a realização da Copa 2014 gerou. Afinal, alguém já calculou quantas toneladas de CO2 a FIFA e a COPA 2014 emitiram entre junho e julho de 2014 no Brasil?