Criança sem vacina contrai sarampo na Flórida
Essas doenças comuns na infância e na vida adulta são altamente contagiosas e são particularmente perigosas para crianças muito novas que têm relativamente pouca resistência à infecção e mais propensas a desenvolver complicações sérias, como surdez, retardo mental, danos no cérebro e na medula espinhal e, ocasionalmente, morte. De acordo com o Departamento, a Flórida tem um programa de imunização “muito forte e bem-sucedido” e, sem a garantia de altos níveis de imunização, os visitantes e os moradores não poderiam desfrutar da alta qualidade de vida que o estado oferece com a redução da incidência de doenças, dos custos de assistência médica e garantia aos turistas e moradores de não contrair uma doença evitável por vacina. “O programa garante uma resposta de causa e efeito, monitorando os níveis de imunização em populações vulneráveis ??em todo o estado, contribuindo assim para estratégias para atingir e manter altos níveis de imunização”, diz o departamento. Para as autoridades de saúde, embora os indivíduos vacinados ainda possam ser infectados com doenças como coqueluche ou varicela, em geral, aqueles que receberam pelo menos 1 dose de vacina têm desfechos menos graves do que aqueles que nunca foram vacinados para a doença.Requisitos de Vacinas do Estado da Flórida
O Flórida SHOTS ou Florida State Tracking System é um registro de imunização online gratuito, estadual e centralizado que ajuda os provedores de saúde e as escolas a rastrear os registros de vacinação para garantir que pacientes de todas as idades recebam as vacinas necessárias para protegê-los de doenças perigosas evitáveis ??por vacina. O registro é endossado pela Academia de Médicos de Família da Flórida, pela Associação de Planos de Saúde da Flórida, pela Associação Médica da Flórida, pela Associação Médica Osteopática da Flórida e pela Seção da Flórida da Academia Americana de Pediatria e é autorizado pela Seção 381.003, do Estatuto da Flórida sob o programa da Seção de Imunização do Departamento Estadual de Saúde.Isenção de vacina
O Formulário DH 680, ou Certificação de Imunização, é usado para todas as isenções médicas e requer uma declaração e assinatura do médico. Já a DH 681, isenção religiosa de imunização, é necessária para isenções religiosas e é emitida pelo Departamento de Saúde do Condado (CHD). “Um pedido de isenção religiosa dos requisitos de imunização deve ser apresentado à instituição / escola no formulário de Isenção religiosa de imunização do Departamento de Saúde (DH 681 Form). O Formulário DH 681 é emitido apenas pelos departamentos de saúde do condado e apenas para uma criança que não esteja imunizada devido aos princípios ou práticas religiosas de sua família. Se um dos pais solicitar tal isenção, o departamento de saúde do condado deve usar o formulário DH 681 atual, que foi assinado pelo pai afirmando a declaração por escrito no formulário de que existe um conflito religioso. Este formulário deve ser emitido mediante solicitação. Nenhuma outra informação deve ser solicitada ao pai ou responsável. ”Regra 64D-3.046, Código Administrativo da Flórida. Isenções médicas também são permitidas.Aumento de isenção religiosa
O risco, porém, é que as crianças não vacinadas correm maior risco de doenças preveníveis por vacinação, como coqueluche, varicela e sarampo, e o número vem aumentando, diz o departamento de saúde. “As comunidades com uma maior proporção de isenções religiosas (religious exemptions - RE) para a vacinação estão em maior risco de transmissão de doenças evitáveis ??por vacinação e o número de novas REs está aumentando a cada mês. Em todo o Estado, a prevalência estimada de REs entre crianças de 4 a 18 anos é de 2,9%, com os municípios variando de 0,3% a 6,5%. Em setembro de 2017, a prevalência em todo o estado foi de 2,5%, e a prevalência aumentou gradualmente a cada mês desde então”, cita o departamento em seu site oficial. (Para saber mais sobre as REs em nível local, visite www.flhealth.gov/REmap, com dados atualizados de setembro de 2018).Falta de vacinação pode causar surtos de doenças nos EUA, aponta pesquisa
Surtos
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, até 8 de setembro de 2018, 137 casos individuais de sarampo foram confirmados em 24 estados (incluindo na Flórida) e no Distrito de Columbia. Na Flórida, um caso foi relatado em uma criança não vacinada, segundo o departamento de saúde de Pinellas County. O CDC diz que o sarampo se espalha facilmente quando atinge uma comunidade onde grupos de pessoas não são vacinados através da tosse e espirros, e os sintomas aparecem em 10 a 14 dias após a exposição. O sarampo pode ser prevenido com a vacina MMR, conhecida como tríplice viral, que as crianças geralmente recebem entre 12 e 15 meses de idade. Uma segunda dose é geralmente administrada entre as idades de 4 e 6. A vacina MMR é considerada 97% eficaz na prevenção do sarampo e previne também para caxumba e rubéola."Melhor prevenir do que remediar"
Mãe de uma menina de três anos, a brasileira Letícia Santana mora no sul da Flórida e conta que sempre dá todas as vacinas necessárias à filha. “Se posso prevenir, porque irei sofrer do lado de uma cama de hospital orando por ela. Lógico que nem tudo é 100% eficiente e que tem crianças que são imunes a vacina ou tem reações seríssimas, mas ainda sim, já dizia minha vozinha melhor, prevenir do que remediar”, opina. Santana se diz preocupada com a volta de doenças outrora erradicadas. “Quando leio que uma das piores doenças que podia existir, que paralisou muitas crianças e até matou está de volta que é a poliomielite, fico de coração partido. Acho que os pediatras deviam fazer campanhas sérias e o governo também explicando pros pais a importância de vacinar”, alerta.Sobrevivente
Vivenciar a época em que não havia vacinação em massa e por isso ter contraído a maioria das doenças é o caso de Leila Di Mascio, que mora na Flórida e se considera uma sobrevivente. “O sarampo quase me matou. Sou do tempo de todas as doenças que atacavam todas as crianças, tive caxumba e vi a transição do começo das vacinações, tenho marca grosseira de vacinas, e quando chegamos a uma certa idade onde a evolução na tecnologia mundial está muito mais eficiente do comparada ao meu passado, nos deparamos com o descasos dos jovens pais nos dias de hoje em não vacinar seus filhos. Estou muito triste de ver todas as doenças do passado, que tínhamos superado mundialmente através das vacinas, estarem atingindo tantas crianças inocentes, por imprudência. Hoje, tenho tem 3 filhos e 5 netos todos vacinados e nenhum com problema”, ressalta a brasileira. Há 13 anos morando em Orlando, com dois filhos de 10 e 4 anos, Luciana Cardoso conta que confia nas vacinas e desde o nascimento seus filhos tomaram todas. “Acredito que a volta de doenças que passaram anos erradicadas estão voltando pela falta de vacinação. Sempre tive receio disso. Confio nas vacinas e até a da gripe sou a favor. Dou todos os anos nos meus filhos”, relata.Comunidade brasileira
Trabalhando há mais de cinco anos como nurse pratictioner em clínicas de primeiros cuidados na Flórida, a paulista Karoline Mion salienta que a polêmica sobre vacinação das crianças aumentou de uns anos pra cá e que há algumas comunidades de imigrantes que, por causa do pouco cuidado com a saúde no país de origem, não buscam vacinação, o que ajuda para o risco de transmissão de doenças. “Não é nem por serem contra alguma vacina, mas porque não ligam mesmo com os primeiros cuidados. É preciso todo um trabalho de conscientização para que busquem a imunização”, destaca. De acordo com Mion, a comunidade brasileira, especialmente os brasileiros recém chegados aos EUA, é uma das que mais busca vacinar principalmente as crianças. “Mesmo que não tenham vacinado no Brasil, vemos muitos pais que procuram logo quando chegam. Aqueles que não o fazem, muitas vezes é porque não possuem seguro saúde e não sabem que podem procurar os departamentos de saúde e obter vacinas de graça”, conclui.Novo estudo comprova que vacinação não causa autismo
Em campanha para aumentar a cobertura de imunização, Mion diz ainda que o governo federal chega a conceder gifts cards para que famílias mantenham a vacinação e consultas em dia. Atualmente trabalhando na clínica Americare Wellness em Boyton Beach, liderada pelo brasileiro Antônio Carlos, a paulista destaca que a campanha para vacinação contra a gripe está aberta e espera ter adesão da comunidade brasileira. “Ressaltamos muito a importância de se vacinarem todos porque há muitos pais que não são bem orientados”, enfatiza.Vacina X autismo
Sobre a polêmica de algumas pessoas que acreditam que vacinas podem causar autismo, Claudia Costabile que trabalha como Strategic Communications Manager for Science na US Phamacopeial Convention em Rockville, Maryland, e tem uma filha de 3 anos e meio, diz que a ciência continua provando que não há relação entre uma coisa e outra. “O que houve foi um sujeito criminoso que publicou um artigo falso e que inclusive perdeu a licença para exercer medicina por fraude”, afirma. Para Claudia, infelizmente as pessoas preferem acreditar em celebridades a cientistas que passam a vida toda estudando ciência. “Para ser honesta, pra mim não tem alternativa além de vacinação. Meu marido é PhD em imunologia e trabalha com vacinas. Somos os dois defensores intensos da vacinação e da ciência. A internet hoje em dia confunde muito as pessoas sobre o que é ciência e o que é opinião. E vacinação não é opinião. É um serviço público e uma consequência da vida em sociedade”, destaca. Sobre as reações adversas das vacinas, existe como em qualquer medicamento, mas as graves são raras, diz Claudia. “Existem pessoas mais suscetíveis e com alergias não identificadas anteriormente. Existem pessoas com condições pré-existentes”, explica. “As reações leves (febre, vermelhidão e dor no local) acontecem também e são supernormais. Você já viu um bebê com coqueluche (whooping cough)? Antes de a vacina existir, morriam 8.000 pessoas por ano da doença nos Estados Unidos. Hoje em dia, com a vacinação, morrem 20”, aponta Claudia. A brasileira acredita ainda que o fato das doenças terem sido erradicadas por anos e uma geração não ter vivenciado os surtos e mortes, faz com que se acredite que a vacina não é necessária. “O que acontece é que as pessoas nunca viram uma epidemia de poliomielite ou de sarampo. Então acham que não precisam vacinar e as doenças voltam. A vacina que causa mais discussão, a de sarampo (measles) tem uma taxa de reações adversas a vacina (adverse events following immunization (AEFI)) de 1 em 1 milhão de crianças. Isso quer dizer que a cada um milhão de crianças vacinadas, UMA em média tem uma reação grave. E a reação não é autismo. Em comparação, 30% das crianças que pegam sarampo desenvolvem complicações graves como infecções secundárias, convulsões, ulcerações, pneumonia, e, claro, nos casos mais graves, morte”, conclui. Todos os casos de reações adversas podem ser verificadas no site do CDC. Leia mais sobre o assunto emMiami confirma caso de sarampo em criança sem vacina
Testes com nova vacina indicam proteção total contra vírus HIV