Um grupo internacional de médicos criticou a indústria cinematográfica dos Estados Unidos por não refletir em seus filmes os riscos do sexo sem cuidados e do consumo de drogas.
Em artigo publicado nesta segunda-feira pelo "Journal of Royal Society of Medicine", os médicos destacam que, entre os 200 filmes mais vistos dos últimos 20 anos, só "Uma Linda Mulher" faz referência ao uso de preservativo. Por outro lado, em nenhum caso as cenas de sexo sem contraceptivos dão origem a uma doença ou a uma gravidez indesejada.
Diante dessa situação, os especialistas pedem que os diretores de cinema reflitam sobre as conseqüências reais do sexo sem cuidados. "A indústria do cinema influencia na percepção e no comportamento de bilhões de pessoas no mundo", destaca o médico Hasantha Gunasekera, da Universidade de Sydney.
Segundo o artigo no "Journal of the Royal Society of Medicine", em 98% das cenas de sexo analisadas nos filmes mais bem-sucedidos, não há uma só referência sobre métodos anticoncepcionais ou doenças como a Aids.
O mesmo grupo analisou o consumo de drogas, álcool e tabaco nos filmes e concluiu que em 68% dos casos os personagens fumam e em 32% ficam bêbados.
Além disso, 8% dos protagonistas fumam maconha e 7% consome algum outro tipo de droga, embora esse vício não costume levar a conseqüências negativas.
"As normas sociais que se apresentam no cinema são preocupantes, tendo em consideração pandemias como a Aids nos países em desenvolvimento e industrializados", alerta Gunasekera.
A indústria cinematográfica deveria refletir "práticas sexuais mais seguras, assim como as conseqüências reais do sexo sem proteção e do uso ilegal de drogas", acrescenta.
Entre os filmes mais "irresponsáveis", estão, segundo os especialistas, os sucessos "Instinto Selvagem" (1992), "American Pie" (2001) e "007 - Um Novo Dia Para Morrer" (2002).