Mais pessoas ficaram com vistos vencidos nos Estados Unidos do que atravessaram a fronteira ilegalmente em 2017, de acordo com um estudo do Department of Homeland Security. De acordo com o DHS, quase 702 mil pessoas que entraram nos EUA legalmente não foram embora.
Isso é um pouco mais que 1% das 52,7 milhões de pessoas que entraram nos EUA como não imigrantes. Isso é mais do que as 361.993 pessoas que tentaram entrar nos EUA ilegalmente no ano passado, a maioria dos quais tentaram entrar pela fronteira com o México.
Pessoas com vistos de estudante e de intercâmbio foram as que mais ficaram após o prazo do visto. Estimava-se ao todo que 1.662.369 estudantes ou intercambistas deixassem o país, dos quais 68.983 ficaram, representando 4,15%.
De acordo com um último estudo do Pew Research Center sobre o número de indocumentados nos Estados Unidos, os overstays de vistos (como é chamado para pessoas que ficam além do prazo obrigatório de saída do país) provavelmente cresceram substancialmente entre 2007 e 2016. Ainda de acordo com o Pew, essa parcela provavelmente é a maioria dos recém-chegados que permaneceram ilegalmente no período estudado, uma vez que o número de indocumentados geral nos Estados Unidos caiu de 12,2 milhões em meados de 2007 para 10,7 milhões em 2016.
Análises recentes do Department of Homeland Security mostram que há evidências crescentes sobre imigrantes com vistos vencidos. Por isso, o DHS passou a publicar relatórios anuais sobre os “overstays” desde 2016. Os relatórios analizam estatísticas sobre as origens dos imigrantes que passam da data de partida e os tipos de vistos que detinham.
Em 2017, de acordo com o DHS, das 52.656.022 pessoas que deveriam deixar os EUA, 701.900 ficaram, representando 1,33%.
Em 2016, esperava-se que 50.437.278 pessoas deixassem o país, mas 739,478 ficaram, o que representa uma porcentagem de 1,5%. Até maio de 2018, a suspeita era de 421.325 overstays, representando o,80%. Os países com maiores índices de overstays são Canadá, México, Venezuela, Reuni Unido e Colômbia.
Brasileiros
No começo de novembro, um brasileiro recém chegado aos Estados Unidos foi preso enquanto estava a caminho do trabalho na Luisiana. Rafael Guedes estava nos Estados Unidos desde outubro de 2017 e seu visto venceu em abril. Ele primeiramente foi visitar a irmã em Tampa, mas permaneceu nos EUA além do prazo de seu visto de turista e arrumou um trabalho na Luisiana.
De acordo com os números do DHS, casos como o de Rafael têm sido mais comuns, especialmente para pessoas com visto de estudante que decidem permanecer nos EUA além do prazo de saída obrigatória.
Em 2017, esperava-se que 1.806.670 brasileiros com visto de turista ou de negócios deixassem o país. No entanto, 33.759 não voltaram para o Brasil, representando 1,87%.
Entre os brasileiros com visto de estudante ou de intercâmbio, dos 44.991 que deveriam ter deixado o país, 2.498 ficaram, representando 5,68%.
Como o estudo sobre os overstays de vistos ainda é recente, fica difícil comparar com outros anos para se afirmar que a tendência está crescendo. Mas esses números indicam, no entanto, de onde os overstays são. Em contraste com as apreensões de fronteira, onde 95% ou mais dos imigrantes são do México e da América Central, a grande maioria dos overstays - quase 90% - é de outros lugares.
Para praticamente todos os outros países, os overstays excederam substancialmente as apreensões na fronteira. Em conjunto, para o restante dos países de origem, o número de overstays foi mais de 30 vezes maior que o número de apreensões na fronteira, de acordo com o Pew.