Máfia: PF procura contato de ex-árbitro
A Polícia Federal estabeleceu uma nova prioridade nas investigações a respeito do funcionamento da chamada “Máfia do Apito” - o esquema de manipulação de resultados revelado no futebol brasileiro no início de outubro. Em um balanço feito nesta sexta-feira, em São Paulo, o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves disse que as investigações estão concentradas agora no sentido de identificar o homem que fez a ligação telefônica ao ex-árbitro João Paulo Araújo.
O ex-árbitro, de 53 anos, que mora em Piracicaba - onde estariam centralizados os negócios da Máfia - confirmou ter sido convidado a participar de um esquema que tinha como objetivo fraudar resultados nos jogos de futebol. Para o delegado, o autor do telefonema deve conhecer todas as conexões do negócio e sua identificação passa a ser fundamental a partir de agora.
João Paulo Araújo atuou como árbitro de futebol durante 17 anos (1980 a 1997), integrou o quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol, da CBF e também da Fifa. No depoimento à PF ele contou que receberia de R$ 20 a R$ 30 mil por semana e poderia oferecer até R$ 80 mil por semana para que árbitros ou pessoas ligadas à Comissão Nacional de Arbitragem interferissem no processo de fabricação de resultados. Em 2001, foi presidente interino do XV de Piracicaba, clube que participa do Campeonato Paulista da Série A-3.
O delegado acha que como João Paulo se recusou a participar, o autor do telefonema deve ter procurado uma outra pessoa. Muito provavelmente, alguém com características semelhantes - que conheça bem os bastidores do futebol. “Como João Paulo não quis participar, precisamos saber quem quis”, explicou.
Victor Hugo descarta a possibilidade de o telefonema ter partido do árbitro João Paulo Danelon ou do empresário Nagib Fayad - dois dos envolvidos no esquema - mas aposta que é de alguém de Piracicaba.
“Era uma pessoa que conhecia bem o João Paulo. Falou sobre pessoas da família e até do desejo que ele (João Paulo) tinha de comprar um carro melhor”, argumentou.
O delegado confirmou que a Polícia Federal vai convocar dirigentes de clubes e outros árbitros, mas ainda não há datas definidas para os depoimentos.