Lula vai defender combate à fome em assembléia da ONU

Por Gazeta Admininstrator

Longe de Brasília, onde a crise política é a principal preocupação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou o primeiro dia de uma visita oficial à Guatemala, nesta segunda-feira, para tentar resgatar uma das principais bandeiras de seu governo: o combate à fome.
Em um de seus primeiros compromissos na Cidade da Guatemala, o presidente fez um dos discursos de encerramento de uma conferência latino-americana de combate à fome.

No pronunciamento, Lula antecipou as idéias que defenderá a partir de quarta-feira na Cúpula do Milênio, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

"Na Cúpula de Nova York, vamos reafirmar o compromisso selado por mais de cem países na declaração de 2004 sobre a ação contra a fome e a pobreza", disse Lula.

"Vamos nos comprometer a saciar a fome de 300 milhões de pessoas até 2015 e evitar que, a cada sete segundos, uma criança morra de desnutrição."

Fome zero

Sem comentar em seus pronunciamentos a evolução da crise que paralisa o Congresso do Brasil, Lula evitou conferir um tom político ao discurso, mas não deixou de defender os programas sociais de seu governo.

"Em 2,5 anos enfrentando enormes desafios econômicos e incompreensões políticas, realizamos uma importante transformação social", afirmou.

Na opinião do presidente, as iniciativas criadas a partir do programa Fome Zero, como o Bolsa Família, têm demonstrado que a fome pode ser derrotada com "vontade política".

"Esses processos de transferência de renda e de apoio aos pequenos produtores ajudam a explicar a reversão por que está passando a economia brasileira, que estava há mais de duas décadas em recessão ou crescimento medíocre", disse o presidente.

Mecanismos inovadores

Durante o discurso, Lula também disse que quer ser no encontro de Nova York "um dos porta-vozes do sentimento que ganha adeptos em todo o mundo".

"Vamos declarar que os mecanismos financeiros inovadores de combate à fome não são mais um tabu", disse.

"Sabemos que sem gerar recursos novos, de forma regular e confiável, não cumpriremos as metas do milênio."

As Metas do Milênio, um dos principais temas do encontro que começa nesta quarta-feira, são os objetivos estipulados pelas Nações Unidas para redução da pobreza e uma melhor qualidade de vida em todo o mundo até 2015.

Uma das propostas citadas por Lula, lançada pelo governo França e apoiada por Brasil, Chile, Argélia, Espanha e Alemanha, é a criação de uma taxa sobre a emissão de bilhetes aéreos internacionais.

O presidente declarou também que conta com o compromisso dos países industrializados de destinar 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para ajuda ao desenvolvimento de regiões mais pobres.

Lula também defendeu a criação de medidas para reduzir os custos das remessas de dinheiro enviadas por imigrantes aos seus países de origem.

Ao defender outra bandeira da política externa do Brasil, o presidente voltou a afirmar que o mundo precisa de um sistema de comércio internacional "mais justo e eqüitativo".

"Os escandalosos subsídios concedidos aos agricultores dos países industrializados somam US$ 300 bilhões", afirmou."Com um adicional de US$ 50 bilhões anuais, seria possível cumprir as metas do milênio."