Linfoma em cães e gatos

Por Dra. Paula Ferreira

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Linfoma, também conhecido como lifosarcoma, é um tipo de tumor altamente maligno que acomete o sistema linfático. O linfoma é a forma mais comum de câncer nos seres humanos e nos animais. O sistema linfático é constituído de uma rede de vasos linfáticos e lifonodos, comumente conhecidos como gânglios. O sistema linfático produz células de defesa para o organismo. Alguns linfonodos estão localizados em áreas superficiais do corpo do animal, e a palpação dos linfonodos pelo veterinário é parte fundamental do exame físico de rotina. Se o veterinário detectar anormalidade na palpação dos linfonodos, ele deve investigar a causa e determinar se o bichinho tem linfoma. Outras circunstâncias podem causar anormalidades dos linfonodos, por isso o veterinário recomenda exames diagnósticos de laboratório adicionais.

O câncer ocorre quando as células de um determinado tecido começam a se dividir e a crescer desordenadamente. Consequentemente, o tecido afetado pelas células cancerosas é destruído, e outros tecidos vizinhos também começam a ser invadidos pelo câncer. Células cancerosas do tumor primário podem se desprender e viajar pela corrente sanguínea até atingir outros órgaos distantes, e assim novos tumores (metástases) se formam.

Não se sabe exatamente porque alguns animais (assim como algumas pessoas) desenvolvem linfoma e outros não. Especula-se que existe uma predisposição genética e também fatores ambientais. No caso dos gatos, existe uma ligação entre o linfoma e a infecção pelo vírus da leucemia felina.

Os linfócitos são as células produzidas pelos linfonodos. Quando os linfócitos se tornam cancerosos dentro do linfonodo, o linfonodo incha e endurece; os linfócitos malignos viajam pelo sangue até outros linfonodos, e em pouco tempo todos os linfonodos do corpo do paciente estarão afetados. Depois, a medula óssea, onde a maior parte das células sanguineas são formadas, também começa a ser afetada pelo câncer. O sistema imunológico em breve é destruído e anemia severa ocorre. Finalmente, o animal sucumbe e morre. Sem tratamento, animais com linfoma tem a expectativa de vida de apenas 4 a 8 semanas depois do diagnóstico confirmado.

Um animal com linfoma nem sempre se sente mal. No início ele pode estar agindo como um animal saudável normal. Nas fases mais adiantadas da doença é que o paciente apresenta letargia e mal estar. Além disso, os sintomas do linfoma dependem da localização do tumor. Se o linfoma estiver localizado no sistema gastrointestinal, os sintomas serão vômito, diarréia, perda de peso e falta de apetite. Se os linfonodos localizados perto da traquéia estiverem muito inchados, o paciente sofrerá de falta de ar. O linfoma também pode ser do tipo cutâneo, ou seja, localizado na pele, e neste caso o paciente apresenta nódulos cutâneos, que podem causar coceira e desconforto, úlceras e necrose. O linfoma também pode ocorrer no coração, sistema nervoso, fígado, baço e olhos.

O diagnóstico do linfoma é feito através do exame físico e de exames laboratoriais (exames de sangue, citologias e biópsias), além de exames com imagens especiais, como os raios X, o ultrassom, CT scan e ressonância magnética.

Tratamento O tratamento do linfoma não deve ser adiado mesmo se o animal estiver sentindo-se bem disposto, quanto mais cedo se iniciar o tratamento, mais chances de se chegar à remissão. A remissão é quando o paciente está clinicamente normal, sem sintomas detectáveis.

A remissão prolongada é o objetivo da terapia, e o tratamento indicado para o linfoma é a quimioterapia. Um paciente de linfoma tem a chance de aproximadamente 75% de chegar à remissão se for tratado com quimioterapia. Isso significa que o paciente tem excelentes chances de reduzir os tumores a níveis mínimos e ter uma boa qualidade de vida.

Felizmente, cães e gatos que são tratados com quimioterapia raramente sofrem os efeitos colaterais como as pessoas. Nos seres humanos, a quimioterapia causa náusea profunda, perda de cabelos e muito mal estar. Os efeitos colaterais em cães e gatos estão relacionados à supressão da medula óssea, diminuindo a capacidade da mesma de produzir glóbulos brancos. Por isto, o tratamento deve sempre ser acompanhado de um monitoramento rigoroso dos exames de sangue.

O linfoma tem cura? A cura de um linfoma é o desaparecimento completo dos tumores, a ponto em que não haja mais necessidade de tratamento. Embora esta seja uma possibilidade nos animais, o objetivo mais realístico é manter a qualidade de vida e aumentar o tempo de sobrevida.