A vida é limitada. Muita gente não se dá conta disso, sabe-o mentalmente, como uma verdade abstrata que não tem ressonância interna. Ainda não houve aquele “clique” interior que ocorre quando o pensamento se une ao sentimento correspondente. Pois é, a vida chega a um fim e, mais cedo ou mais tarde, todo mundo vai ter que acordar para isso.
Mas essa realidade que pode parecer triste, e é em muitos sentidos, pode ser usada de forma empoderadora. Limites de tempo são impiedosamente úteis! Nos obrigam a escolher entre as muitas formas de passar esse nosso tempo aqui no planeta. O que faz sentido para nós? O que vale a pena? Afinal, esta é a grande pergunta: o que motiva e valoriza minha vida, esse meu tempo?
E, como somos, também, seres limitados, precisamos escollher o melhor para não perder tempo, vida, saúde, pessoas amadas, lugares importantes, interesses, etc. “Melhor” quer dizer que o que quer que nós escolhemos precisa ser algo que vai nos dar um retorno. Algo que aumente nossa força e nossas oportunidades, como também nossa sabedoria e consciência. A consciência da delimitação do tempo, se usada sabiamente, nos leva a definir o que queremos para nós – e quem queremos ser. Agora.
As questões-chave são: como usar este tempo? Com quem usar este tempo? Para que usar este tempo? São perguntas preciosas, pois nos últimos dias desse tempo na Terra elas poderão voltar e nos provocar uma dor infinita ou uma alegria santa. Pensar no limite da vida ajuda a abordar com mais distância emocional e objetividade as questões prementes e angustiantes do presente, por exemplo: vale a pena ter vergonha de fazer algo que sabemos ser importante para nós? E vale a pena manter o orgulho que torna inflexíveis e burros, bloqueando o fluxo de nossa vida? Ou manter aquele outro tipo de orgulho que faz permanecer presos a um relacionamento para demonstrar que se “tinha razão”? Quantas outras coisas poderíamos fazer nesse tempo insubstituível?
E o medo? Este, então, é o grande senhor de todos: quantas coisas se deixam de fazer por medo? Não digo o medo de se jogar no oceano do pico mais alto da montanha. Falo do medo de se separar, de mudar de carreira ou de trabalho, de dizer não, de expor e assumir a ferida para poder dela tratar. E o que dizer do medo de falar “te amo”, como também o de admitir que “não te amo”? E aquele outro medo, o de fazer o que se sente? Finalmente, o que pensar do medo de simplesmente se libertar?
Por medo vive-se uma vida inteira em amargura e fingimento. Mas, um dia, não haverá mais “os outros” a quem prestar contas, nem um passado e nem um futuro. Não haverá mais medo, porque não haverá mais vida para viver. Haverá apenas um presente, um instante. E nele estaremos só com nossa vida passando num flash em nossa mente. E a pergunta: valeu a pena? O fato de haver um fim pode e deve ser usado como uma alavanca para motivar a vida em frente, dando coragem e audácia. Uma vez que estamos aqui, vamos fazer dessa experiência a melhor possível e, de nós, os mais sábios possíveis!