O julgamento de Saddam Hussein foi suspenso nesta quarta-feira por duas semanas, depois que o ex-presidente iraquiano se recusou a comparecer ao tribunal.
Mesmo com a ausência do réu, que vinha reclamando constantemente de que está sendo tratado injustamente, o julgamento prosseguiu.
Durante duas horas e meia, duas testemunhas, cujas identidades foram protegidas por uma cortina, relataram histórias de tortura na prisão nos anos 80.
Um dos depoentes disse ter sido detido após a tentativa fracassada de assassinato de Saddam em 1982 na cidade de Dujail. O episódio, que levou a uma retaliação de forças do governo que levou à morte de 148 xiitas, é a base das acusações que estão sendo enfrentadas por Saddam no julgamento.
Espancamentos
A testemunha relatou ao tribunal espancamentos praticados numa prisão do serviço de inteligência iraquiano em Bagdá, e disse que o meio-irmão de Saddam, Barzan al-Tikriti, estava presente durante a tortura.
Al-Tikriti também é réu no julgamento.
O depoente admitiu, porém, que havia sido vendado e que outros presos lhe haviam contado que a voz a que ouvia era do meio-irmão de Saddam.
Ao contar sobre a prisão de centenas de pessoas em Dujail, o outro homem que depôs nesta terça-feira contou: "Eles disseram que queriam falar conosco por dez minutos. Não voltamos por quatro anos e meio".
Massacre
De acordo com a lei iraquiana, o julgamento pode prosseguir mesmo sem a presença do réu.
Ao final dos trabalhos de terça-feira, Saddam havia dito ao juiz que estava exausto e afirmou: "Eu não vou voltar a um tribunal injusto. Vá para o inferno!".
O juiz tinha negado o pedido feito pela defesa na terça-feira para que o intervalo entre as sessões fosse maior.
O julgamento vem apresentando incidentes diários desde que começou na segunda-feira.
No primeiro dia, os advogados da defesa se retiraram após a recusa do juiz de ouvir suas considerações sobre a legalidade da corte e fornecer maior proteção ao time de defesa, mesmo depois que dois advogados foram mortos.
Saddam Hussein e sete antigos membros de seu regime são acusados da morte de 148 muçulmanos xiitas em Dujail em 1982, após um atentado contra o ex-presidente.
Os oito refutam as acusações. Se forem condenados, eles estarão sujeitos à pena de morte.