Overdose de remédios diminui expectativa de vida nos EUA
Os Estados Unidos estão enfrentando a maior crise de opióides da atualidade tanto que até a expectativa de vida sofreu queda pelo segundo ano consecutivo, algo inédito desde 1962-1963, segundo um relatório do Department of Health and Human Services e divulgado na última semana pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC).
Devido à crescente crise de consumo de opiáceos - uma família de analgésicos, incluindo heroína ilícita e fentanil, além de medicamentos prescritos legalmente, osopioidescomo morfina, oxicodona e hidrocodona, que ajudam no alívio da dor.
As estatísticas publicadas na última quinta-feira, 21, indicam que a expectativa média de vida nos Estados Unidos foi de 78,6 anos em 2016, uma queda de 0,1 ano em relação aos 78,7 anos de 2015, segundo o CDC.
Mais de 63 mil pessoas perderam a vida por ingestão excessiva de remédios controlados em 2016. Esse foi o ano mais letal para a epidemia de sobredosagem de drogas.
Somente no ano passado, 66% do total das mortes por uso dedrogas tiveram alguma ligação com opioides, de acordo com o documento. Isso significa que o número de óbitos passa dos 42 mil, o que é maior do que a quantidade de americanos que morrem de câncer de mama todos os anos.
Crise e mortes
Em outubro deste ano, o presidente Donald Trump declarou que o país estava vivendo o que ele chamou de “crise dos opiáceos”, e afirmou que a situação era uma emergência de saúde pública. "Como americanos, não podemos permitir que isso continue. É hora de libertar nossas comunidades desse flagelo da dependência de drogas", disse ele. "Nós podemos ser a geração que acaba com a epidemia de opióides".
Trump não estava errado ao constatar a situação como emergência. O levantamento apontou que grande parte do aumento das mortes foi impulsionada pelo crescimento do uso de opióides sintéticos ilícitos, como fentanil e tramadol.
A taxa de overdoses de opióides sintéticos além da metadona - um narcótico do grupo dos opióides utilizado principalmente no tratamento dos toxicodependentes de heroína e outros opióides - aumentou em média 88% ao ano desde 2013 e mais do que duplicou em 2016, quando saltou de 9.580, em 2015, para 19.413. A heroína também continua a ser um problema, diz o relatório. Desde 2014, a taxa de mortes por sobredosagem da droga aumentou em média 19% ao ano.
A crise dos opióides preocupou os médicos e colaborou para que os profissionais tivessem uma maior consciência ao prescreveramanalgésicos. Entre 1999 e 2009, a taxa de sobredoses desses medicamentos subiu 13% ao ano, mas, nos anos seguintes esse aumento apresentou queda de até 3% ao ano.
Em 2009, os narcóticos prescritos estavam relacionados a 26% de todas as sobredoses fatais de drogas, enquanto a heroína estava envolvida em 9% e os sintéticos estavam ligados a apenas 8%.
Comparando com 2016, os medicamentos prescritos estavam envolvidos em 23% de todas as sobredoses mortais. No entanto, a heroína agora está envolvida em cerca de um quarto de todas as mortes por drogas, e os opiáceos sintéticos foram responsáveis por quase um terço do total.
Sul da Flórida A cada dia, duas pessoas morrem por uso abusivo de opioides no condado de Broward, segundo dados do Broward Sheriff Office. Porém, o número de mortes é maior no condado de Palm Beach. Pelo menos 500 pessoas morreram por overdose de opioides no ano passado no condado. O governador Rick Scott declarou a crise dos opioides uma emergência pública em maio deste ano. Um número recorde de pessoas morreu por sobredosagem no ano passado no condado de Palm Beach. Muitas famílias são destruídas pelas drogas. Leia mais emUso abusivo de opioides mata duas pessoas por dia em Broward