Iraque investiga possível fraude em referendo
Dados indicam comparecimento maior que padrões internacionais
As irregularidades estatísticas descobertas no referendo da nova Constituição iraquiana podem indicar fraude, disse o diretor da comissão eleitoral do país, Adel Alami, nesta terça-feira.
Alami não quis dar detalhes das irregularidades encontradas durante as apurações dos votos do pleito de sábado, mas afirmou apenas que dados fornecidos por várias províncias eram muito elevados ou baixos demais para os padrões internacionais.
E isso foi verificado, segundo ele, em várias partes do país, em áreas predominanetemente sunitas, xiitas e curdas.
Uma fonte disse à BBC que há procupação com o índice de comparecimento às urnas e com o próprio resultado da votação.
A Comissão Eleitoral disse na segunda-feira que está examinando novamente as cédulas e que os resultados finais do referendo sairão com atraso de vários dias.
Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) que acompanharam a eleição iraquiana haviam dito anteriormente que a votação transcorrera bem.
Mas segundo o correspondente da BBC na capital iraquiana, Bagdá, Richard Galpin, um outro alto funcionário da Comissão Eleitoral minimizou as disparidades, dizendo que isso é normal no Iraque.
Uma fonte disse a Galpin que as anormalidades podem ser resultado de erros no sistema e não de fraude deliberada.
Esta é uma questão extremamente delicada, pois a formulação da Constituição dividiu o país em termos étnicos e religiosos.
A comunidade sunita, minoritária, que dominou o Iraque por décadas até a queda do regime de Saddam Hussein, de maneira geral se opõe à Constituição.
Para que a nova Carta seja rejeitada, os sunitas precisariam que dois terços dos eleitores em três das 18 províncias iraquianas votassem "não".
Resultados provisórios indicam que duas províncias dominadas pelos sunitas rejeitaram a Constituição, mas uma terceira província parece não ter atingido os dois terços necessários para a vitória do "não" no referendo.
A comissão eleitoral do Iraque afirmou na terça-feira que o índice de comparecimento às urnas foi de 60%, de um total de 15,5 milhões de eleitores.