O inverno se aproxima e com ele a chance de contrair doenças respiratórias, especialmente a gripe, aumenta. Crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico debilitado ficam mais vulneráveis às doenças virais. E é nessa época do ano que aumenta também a dúvida sobre vacinar ou não as crianças.
A fim de reforçar a imunização de todos, instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS)e o Centro de Controle de Doenças (CDC), garantem que as vacinas estimulam a produção de anticorpos contra moléstias que podem ser graves, prevenindo entre 2 e 3 milhões de mortes por ano no mundo.
De acordo com o relatório FluView desta semana, publicado pelo site Infection Control Today, a atividade da gripe sazonal aumentou ligeiramente nos Estados Unidos. Pelo menos 21 estados estão relatando atividade regional ou local da gripe, segundo o relatório.
Além da Flórida, constam na lista Alasca, Arizona, Califórnia, Connecticut, Geórgia, Idaho, Kentucky, Louisiana, Massachusetts, Nova Hampshire, Nova Jersey, Nova York, Ohio, Oklahoma, Oregon, Pensilvânia, Carolina do Sul, Tennessee, Texas e Utah. Isso significa que esses estados estão vendo surtos de gripe e gripe confirmada por laboratório em pelo menos uma ou menos da metade das regiões do estado, respectivamente.
A Influenza A 2009 (H1N1), Influenza A (H3) e Influenza B foram os vírus da linhagem Yamagata identificados como as cepas predominantes que circulam na Flórida desde 30 de setembro de 2018, de acordo com o departamento de saúde do estado. A vacina contra a gripe atual protege contra todos esses vírus, afirmam as autoridades de saúde.
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O Departamento de Saúde da Flórida relatou dois casos de morte no estado no início desta temporada de gripe 2018-2019. O primeiro deles em outubro e o segundo uma criança em novembro. Durante a última temporada de gripe, 185 crianças morreram pela doença, incluindo oito na Flórida, segundo o Departamento. De acordo com o CDC, 74% das crianças que morreram de gripe no ano passado não foram vacinadas. Cerca de metade de todas as crianças não tinham outros problemas de saúde antes de contrair a gripe. Mesmo assim, muitas pessoas optam por não tomar e não dar aos filhos a vacina tendo como um dos principais motivos o risco de efeitos colaterais mais graves do que os divulgados."Não darei mais"
É o caso de Gilda Arruda que mora no sul da Flórida e sempre dava as vacinas para as duas filhas, hoje com 19 e 13 anos, até que há dois anos uma delas teve uma reação bem forte. “Sempre vacinei as duas e nunca tinha tido problema. Mas em 2016, a menor teve uma reação horrível depois da vacina. Muita febre e coceira na pele por todo corpo. Tive que levá-la várias vezes ao médico, ela precisou de antibióticos e remédio pra alergia”, explicou.
Depois desse episódio e com receio, Arruda afirma que prefere não dar mais as vacinas às filhas e adotou uma dieta mais saudável como forma de prevenção.
“Ainda há muita controvérsia da vacina influenza e casos de síndrome de down ou outras alergias e depois da minha experiência não vou dar mais a vacina nas minhas filhas. Prefiro ajudar o sistema imunológico delas a ficarem mais fortes e resistentes a qualquer vírus. Eu já não tomo a vacina porque eu sou muito de tomar vitaminas e minerais, produtos orgânicos”, destaca.
Mãe de uma menina de 10 meses e morando na Flórida, A. C. (nome não identificado a pedido da entrevistada) conta que não vacinou e nem pretende vacinar a filha por receio de reações adversas graves, inclusive paralisia.
“A vacina pode dar muitas reações e quando você toma na gravidez não se pode fazer nada e pode prejudicar o bebê. Se der reação, o bebê pode nascer com problemas de paralisia nos braços ou algo assim. No Brasil, conheci muitos casos que o bebê estava bem, tomou a vacina e teve muitas complicações e alguns chegaram a falecer. No meu caso eu prefiro cuidar bem de uma gripe a tomar a vacina ou dar a meu bebê”, opina.
Efeitos colaterais
Sobre os efeitos colaterais da vacina, o CDC diz que são comuns de ocorrer dor, vermelhidão ou inchaço onde a vacina foi aplicada; febre (baixo grau) e dores pelo corpo que passam rapidamente. No entanto, cada organismo é diferente de outro, o que explica algumas pessoas sofrerem algum tipo de reação e outras não. Existem diferentes efeitos colaterais que podem estar associados à vacina contra a gripe em agulha ou à vacina contra a gripe via nasal. Geralmente, esses efeitos colaterais são leves e de curta duração, especialmente quando comparados a sintomas de casos graves de gripe. Em crianças, os efeitos colaterais da vacina em spray nasal podem incluir: coriza, chiado, dor de cabeça, vômito, dores musculares e febre. Já em adultos, os efeitos colaterais da vacina nasal spray podem incluir: coriza, dor de cabeça, dor de garganta e tosse. No entanto, algumas reações podem estar ou não relacionadas à vacina. Como é um assunto bastante controverso, a recomendação é de sempre consultar médicos e especialistas. Ainda assim, mesmo apresentando efeitos colaterais, especialistas garantem que a vacina é a melhor forma de imunização. “A gravidade do vírus, que afeta milhões de pessoas todos os anos, é muito pior. A gripe é uma doença potencialmente grave que pode levar à hospitalização e às vezes até à morte. Cada época de gripe é diferente e a infecção por influenza pode afetar as pessoas de maneira diferente, mas milhões de pessoas contraem a gripe todos os anos, centenas de milhares de pessoas são hospitalizadas e milhares ou dezenas de milhares de pessoas morrem de causas relacionadas à gripe a cada ano”, alerta o órgão.Afinal, a vacina causa a gripe?
A vacina contra a gripe não causa a doença da gripe, como muitas pessoas pensam. A pessoa pode vir a gripar logo após a vacina se o vírus já estiver nela, ou seja, se ela já ia gripar nos próximos dias. Conforme explica o CDC, a vacina é feita com: a) vírus da vacina da gripe que foram mortos (inativados) e não são infecciosos, ou b) com proteínas de um vírus da vacina contra a gripe de vírus da vacina contra a gripe (o que é o caso da vacina contra influenza recombinante). No entanto, os vírus são atenuados (enfraquecidos) e, portanto, não podem causar a doença da gripe.
“Proteção nunca é demais”
Vacinas
Geralmente, as vacinas contra a gripe causam o desenvolvimento de anticorpos no corpo cerca de duas semanas após a vacinação. As autoridades de saúde garantem que esses anticorpos fornecem proteção contra a infecção com os vírus que estão na vacina, por isso a necessidade de imunizar o corpo. A vacina contra a gripe é atualizada todo ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS ) informa quais são os tipos de vírus que estão circulando e, com base nesta informação, as vacinas são produzidas. Este ano, a Influenza A 2009 (H1N1), influenza A (H3) e influenza B foram os vírus da linhagem Yamagata identificados como as cepas predominantes que circulam na Flórida desde 30 de setembro, de acordo com o departamento de saúde do estado. A vacina contra a gripe protege contra todos esses vírus, afirmam as autoridades de saúde. Vacinas tradicionais contra a gripe (chamadas de vacinas “trivalentes”) são feitas para proteger contra três vírus da gripe; um vírus influenza A (H1N1), um vírus influenza A (H3N2) e um vírus influenza B. Também existem vacinas contra a gripe para proteger contra quatro vírus da gripe (chamados de vacinas “quadrivalentes”). Estas vacinas protegem contra os mesmos vírus que a vacina trivalente e um vírus B adicional, diz o CDC.
Brasileiros aderem mais à vacinação que americanos
O clínico geral brasileiro Richard Silva, que atua há mais de 20 anos no sul da Flórida, entende que falta campanhas de prevenção. “Áreas como nutrição e prevenção da saúde não são tão avançadas nos EUA. O governo não se importa com isso, somente em caso de epidemias. Um exemplo disso é o aumento das taxas de obesidade e diabetes tipo II na atualidade. Como médico, ressaltamos aos pacientes a importância da prevenção de doenças, para melhorarmos nossa qualidade de vida”, aponta. Para o médico, os brasileiros em geral são mais conscientes em relação à prevenção de doenças, e por isso, a adesão destes à vacinação é maior se comparada aos americanos. Dr. Silva lembra ainda que, um problema que a Flórida enfrenta como prevenção de gripe é que, por ser um estado que constantemente recebe muitos visitantes, turistas e novos moradores, e muitos deles não possuem conhecimento sobre o sistema de saúde americano, isso prejudica para a imunização. Outro fator importante ressaltado por Dr. Silva diz respeito à migração de pessoas de estados mais frios para a Flórida que podem trazer com eles vírus, como o da gripe, até sem saber e este acaba se espalhando entre a população local.H1N1 e a Síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré (GBS) é uma doença rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa danifica as células nervosas, causando fraqueza muscular e, às vezes, paralisia, conforme explica o CDC. O GBS pode causar sintomas que geralmente duram algumas semanas. A maioria das pessoas se recupera totalmente do GBS, mas algumas pessoas têm danos nos nervos a longo prazo. Em casos muito raros, as pessoas morreram de GBS, geralmente por dificuldade respiratória. Nos Estados Unidos, cerca de 3.000 a 6.000 pessoas desenvolvem o GBS a cada ano. No entanto, o CDC aponta que os dados sobre a associação entre GBS e vacinação contra a gripe sazonal são variáveis ??e inconsistentes entre as estações de influenza. Se houver um aumento do risco de GBS após a vacinação contra a gripe, é pequeno, da ordem de um a dois casos adicionais de GBS por milhão de doses de vacina contra a gripe administradas. “A taxa de base para o GBS nos Estados Unidos é de cerca de 80 a 160 casos de GBS por semana, independentemente da vacinação”, informa o CDC.Indenização por lesão
Quase todas as pessoas que recebem a vacina contra influenza não apresentam problemas sérios. No entanto, em raras ocasiões, a vacinação contra a gripe pode causar sérios problemas, como reações alérgicas graves. As pessoas que sofrerem algum efeito colateral forte ou se sentirem “lesadas” pela vacina contra a gripe podem apresentar um pedido de indenização do Programa Nacional de Compensação de Lesões por Vacinas (VICP) no site Influenza Vaccine Safety.
"Sou 100% a favor"
Amanda Scorza 37 anos, mãe de Nicholas Reis de 4 anos e Anna Reis de 2 anos, mantém seus filhos sempre em dia com as vacinas. “Sou 100% a favor e como me mudei da Flórida para o Alabama, e de acordo com a cartela deles, meus filhos tiveram que tomar mais vacinas. Na Flórida estavam em dia, mas aqui não”, relata. Desde que nasceram os dois filhos tomam vacina de gripe e todas as outras necessárias de acordo com cada idade, segundo Scorza. “Sou a favor da vacinação e incentivo a todos os amigos. Por contas de campanha antivacinação, doenças já erradicadas como o sarampo estão voltando e isso me assusta. Esse ano, assim como nos anos passados, liberada a vacina de gripe, todos de casa já foram vacinados! Aqui em casa, vacina é lei, é saúde!”, enfatiza. Matérias relacionadasBrasileiros relatam bullying sofrido pelos filhos em escolas da Flórida

