Autismo afeta 1 em cada 40 crianças nos EUA, aponta estudo
O Departamento de Saúde da Flórida relatou dois casos de morte no estado no início desta temporada de gripe 2018-2019. O primeiro deles em outubro e o segundo uma criança em novembro. Durante a última temporada de gripe, 185 crianças morreram pela doença, incluindo oito na Flórida, segundo o Departamento. De acordo com o CDC, 74% das crianças que morreram de gripe no ano passado não foram vacinadas. Cerca de metade de todas as crianças não tinham outros problemas de saúde antes de contrair a gripe. Mesmo assim, muitas pessoas optam por não tomar e não dar aos filhos a vacina tendo como um dos principais motivos o risco de efeitos colaterais mais graves do que os divulgados."Não darei mais"
É o caso de Gilda Arruda que mora no sul da Flórida e sempre dava as vacinas para as duas filhas, hoje com 19 e 13 anos, até que há dois anos uma delas teve uma reação bem forte. “Sempre vacinei as duas e nunca tinha tido problema. Mas em 2016, a menor teve uma reação horrível depois da vacina. Muita febre e coceira na pele por todo corpo. Tive que levá-la várias vezes ao médico, ela precisou de antibióticos e remédio pra alergia”, explicou. Depois desse episódio e com receio, Arruda afirma que prefere não dar mais as vacinas às filhas e adotou uma dieta mais saudável como forma de prevenção. “Ainda há muita controvérsia da vacina influenza e casos de síndrome de down ou outras alergias e depois da minha experiência não vou dar mais a vacina nas minhas filhas. Prefiro ajudar o sistema imunológico delas a ficarem mais fortes e resistentes a qualquer vírus. Eu já não tomo a vacina porque eu sou muito de tomar vitaminas e minerais, produtos orgânicos”, destaca. Mãe de uma menina de 10 meses e morando na Flórida, A. C. (nome não identificado a pedido da entrevistada) conta que não vacinou e nem pretende vacinar a filha por receio de reações adversas graves, inclusive paralisia. “A vacina pode dar muitas reações e quando você toma na gravidez não se pode fazer nada e pode prejudicar o bebê. Se der reação, o bebê pode nascer com problemas de paralisia nos braços ou algo assim. No Brasil, conheci muitos casos que o bebê estava bem, tomou a vacina e teve muitas complicações e alguns chegaram a falecer. No meu caso eu prefiro cuidar bem de uma gripe a tomar a vacina ou dar a meu bebê”, opina.Efeitos colaterais
Sobre os efeitos colaterais da vacina, o CDC diz que são comuns de ocorrer dor, vermelhidão ou inchaço onde a vacina foi aplicada; febre (baixo grau) e dores pelo corpo que passam rapidamente. No entanto, cada organismo é diferente de outro, o que explica algumas pessoas sofrerem algum tipo de reação e outras não. Existem diferentes efeitos colaterais que podem estar associados à vacina contra a gripe em agulha ou à vacina contra a gripe via nasal. Geralmente, esses efeitos colaterais são leves e de curta duração, especialmente quando comparados a sintomas de casos graves de gripe. Em crianças, os efeitos colaterais da vacina em spray nasal podem incluir: coriza, chiado, dor de cabeça, vômito, dores musculares e febre. Já em adultos, os efeitos colaterais da vacina nasal spray podem incluir: coriza, dor de cabeça, dor de garganta e tosse. No entanto, algumas reações podem estar ou não relacionadas à vacina. Como é um assunto bastante controverso, a recomendação é de sempre consultar médicos e especialistas. Ainda assim, mesmo apresentando efeitos colaterais, especialistas garantem que a vacina é a melhor forma de imunização. “A gravidade do vírus, que afeta milhões de pessoas todos os anos, é muito pior. A gripe é uma doença potencialmente grave que pode levar à hospitalização e às vezes até à morte. Cada época de gripe é diferente e a infecção por influenza pode afetar as pessoas de maneira diferente, mas milhões de pessoas contraem a gripe todos os anos, centenas de milhares de pessoas são hospitalizadas e milhares ou dezenas de milhares de pessoas morrem de causas relacionadas à gripe a cada ano”, alerta o órgão.Afinal, a vacina causa a gripe?
A vacina contra a gripe não causa a doença da gripe, como muitas pessoas pensam. A pessoa pode vir a gripar logo após a vacina se o vírus já estiver nela, ou seja, se ela já ia gripar nos próximos dias. Conforme explica o CDC, a vacina é feita com: a) vírus da vacina da gripe que foram mortos (inativados) e não são infecciosos, ou b) com proteínas de um vírus da vacina contra a gripe de vírus da vacina contra a gripe (o que é o caso da vacina contra influenza recombinante). No entanto, os vírus são atenuados (enfraquecidos) e, portanto, não podem causar a doença da gripe.“Proteção nunca é demais”
É o que pensa a paulista Elisângela Martins que mora em Pembroke Pines (FL) e acredita no poder das vacinas tanto para adultos quanto para crianças. Com dois filhos pequenos, Leonardo, 4 anos, e Carolina, 2 anos, Elisângela explica que vacina pode prevenir doenças. “Sinceramente, acho errado os pais que não vacinam os seus filhos pequenos, isso faz com que alguma doença retorne mais forte na sociedade. Afinal, não são todos os lugares que os vírus e doenças são erradicados, ou seja, você não vacina e leva seu filho pra uma viagem internacional onde pode ter o vírus ativo.... Proteção nunca é demais. Aprendi assim e até hoje eu adulta deixo minha carteira de vacinação atualizada”, destaca.Vacinas
Geralmente, as vacinas contra a gripe causam o desenvolvimento de anticorpos no corpo cerca de duas semanas após a vacinação. As autoridades de saúde garantem que esses anticorpos fornecem proteção contra a infecção com os vírus que estão na vacina, por isso a necessidade de imunizar o corpo. A vacina contra a gripe é atualizada todo ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS ) informa quais são os tipos de vírus que estão circulando e, com base nesta informação, as vacinas são produzidas. Este ano, a Influenza A 2009 (H1N1), influenza A (H3) e influenza B foram os vírus da linhagem Yamagata identificados como as cepas predominantes que circulam na Flórida desde 30 de setembro, de acordo com o departamento de saúde do estado. A vacina contra a gripe protege contra todos esses vírus, afirmam as autoridades de saúde. Vacinas tradicionais contra a gripe (chamadas de vacinas “trivalentes”) são feitas para proteger contra três vírus da gripe; um vírus influenza A (H1N1), um vírus influenza A (H3N2) e um vírus influenza B. Também existem vacinas contra a gripe para proteger contra quatro vírus da gripe (chamados de vacinas “quadrivalentes”). Estas vacinas protegem contra os mesmos vírus que a vacina trivalente e um vírus B adicional, diz o CDC.Brasileiros aderem mais à vacinação que americanos
O clínico geral brasileiro Richard Silva, que atua há mais de 20 anos no sul da Flórida, entende que falta campanhas de prevenção. “Áreas como nutrição e prevenção da saúde não são tão avançadas nos EUA. O governo não se importa com isso, somente em caso de epidemias. Um exemplo disso é o aumento das taxas de obesidade e diabetes tipo II na atualidade. Como médico, ressaltamos aos pacientes a importância da prevenção de doenças, para melhorarmos nossa qualidade de vida”, aponta. Para o médico, os brasileiros em geral são mais conscientes em relação à prevenção de doenças, e por isso, a adesão destes à vacinação é maior se comparada aos americanos. Dr. Silva lembra ainda que, um problema que a Flórida enfrenta como prevenção de gripe é que, por ser um estado que constantemente recebe muitos visitantes, turistas e novos moradores, e muitos deles não possuem conhecimento sobre o sistema de saúde americano, isso prejudica para a imunização. Outro fator importante ressaltado por Dr. Silva diz respeito à migração de pessoas de estados mais frios para a Flórida que podem trazer com eles vírus, como o da gripe, até sem saber e este acaba se espalhando entre a população local.H1N1 e a Síndrome de Guillain-Barré
A síndrome de Guillain-Barré (GBS) é uma doença rara na qual o sistema imunológico de uma pessoa danifica as células nervosas, causando fraqueza muscular e, às vezes, paralisia, conforme explica o CDC. O GBS pode causar sintomas que geralmente duram algumas semanas. A maioria das pessoas se recupera totalmente do GBS, mas algumas pessoas têm danos nos nervos a longo prazo. Em casos muito raros, as pessoas morreram de GBS, geralmente por dificuldade respiratória. Nos Estados Unidos, cerca de 3.000 a 6.000 pessoas desenvolvem o GBS a cada ano. No entanto, o CDC aponta que os dados sobre a associação entre GBS e vacinação contra a gripe sazonal são variáveis ??e inconsistentes entre as estações de influenza. Se houver um aumento do risco de GBS após a vacinação contra a gripe, é pequeno, da ordem de um a dois casos adicionais de GBS por milhão de doses de vacina contra a gripe administradas. “A taxa de base para o GBS nos Estados Unidos é de cerca de 80 a 160 casos de GBS por semana, independentemente da vacinação”, informa o CDC.Indenização por lesão
Quase todas as pessoas que recebem a vacina contra influenza não apresentam problemas sérios. No entanto, em raras ocasiões, a vacinação contra a gripe pode causar sérios problemas, como reações alérgicas graves. As pessoas que sofrerem algum efeito colateral forte ou se sentirem “lesadas” pela vacina contra a gripe podem apresentar um pedido de indenização do Programa Nacional de Compensação de Lesões por Vacinas (VICP) no site Influenza Vaccine Safety."Sou 100% a favor"
Amanda Scorza 37 anos, mãe de Nicholas Reis de 4 anos e Anna Reis de 2 anos, mantém seus filhos sempre em dia com as vacinas. “Sou 100% a favor e como me mudei da Flórida para o Alabama, e de acordo com a cartela deles, meus filhos tiveram que tomar mais vacinas. Na Flórida estavam em dia, mas aqui não”, relata. Desde que nasceram os dois filhos tomam vacina de gripe e todas as outras necessárias de acordo com cada idade, segundo Scorza. “Sou a favor da vacinação e incentivo a todos os amigos. Por contas de campanha antivacinação, doenças já erradicadas como o sarampo estão voltando e isso me assusta. Esse ano, assim como nos anos passados, liberada a vacina de gripe, todos de casa já foram vacinados! Aqui em casa, vacina é lei, é saúde!”, enfatiza. Matérias relacionadasBrasileiros relatam bullying sofrido pelos filhos em escolas da Flórida