Imigrantes processam administração Trump pelo fim do status de proteção temporária
Por Gazeta News
A decisão da administração Trump de acabar com um programa que permite que imigrantes de quatro países vivam e trabalhem legalmente nos Estados Unidos foi motivada por racismo e deixa os filhos americanos de imigrantes com uma escolha impossível, de acordo com um processo federal cuja entrada foi dada na segunda-feira. Nove imigrantes e cinco filhos de imigrantes entraram com a ação em uma corte federal em São Francisco para restabelecer o status de proteção temporária para pessoas de El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão. O status é concedido a países devastados por desastres naturais ou guerra. Ele permite com que cidadãos desses países permaneçam nos EUA até que a situação melhore em casa. O processo - pelo menos o terceiro desafiando a decisão da administração de encerrar o status temporário de proteção - cita a linguagem vulgar do presidente Donald Trump durante uma reunião em janeiro para descrever os países africanos. "Eles fizeram isso por causa da xenofobia, e precisamos ter certeza de que falamos isso bem alto para que todos saibam", disse Martha Arevalo, diretora executiva do grupo de defesa dos imigrantes, Central American Resource Center. Arevalo falou em uma manifestação para anunciar o processo do lado de fora do tribunal federal de São Francisco, que contou com a participação de alguns dos que entraram com a ação e dezenas de manifestantes. Uma das reclamantes, Cristina Morales, disse que chegou aos Estados Unidos em 1993, aos 12 anos, depois de fugir de El Salvador para escapar da violência doméstica. Ela recebeu status temporário de proteção em 2001 e agora trabalha como professora na área da baía de São Francisco. Ela estava acompanhada por sua filha de 14 anos, Crista Ramos, que juntamente com seu filho de 11 anos, Diego Ramos, são cidadãos americanos. O processo nomeia o US Department of Homeland Security como réu. O departamento recusou-se a comentar os litígios pendentes. Mais de 200 mil imigrantes podem enfrentar a deportação devido à mudança na política e há mais de 200 mil crianças americanas que correm o risco de serem separadas de suas comunidades e escolas, de acordo com os demandantes no caso arquivado pela American Civil Liberties Union no sul da Califórnia e outros grupos pró imigrantes. As crianças enfrentam a "escolha impossível" de deixar seu país com seus pais ou ficar sem eles, de acordo com o processo. "Essas crianças americanas não devem ter que escolher entre seu país e sua família", disse em um comunicado Ahilan Arulanantham, assessor jurídico e diretor jurídico da ACLU do sul da Califórnia. Esse é o processo mais recente contra a administração Trump sobre sua repressão à imigração. Um caso apresentado no mês passado por imigrantes haitianos e salvadorenhos em Massachusetts também alega que a decisão de acabar com o status de proteção temporária foi motivada por motivos raciais. A NAACP apresentou um processo separado em Maryland em nome de imigrantes haitianos que receberam o status de proteção. O programa foi criado por razões humanitárias, e o seu status pode ser renovado pelo governo americano após uma avaliação. El Salvador entrou no programa em 2001 após um terremoto e o status do país foi repetidamente renovado. A administração Trump anunciou em janeiro que o programa expiraria para El Salvador em setembro de 2019. A secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, concluiu que El Salvador recebeu auxílio internacional significativo para se recuperar do terremoto, e lares, escolas e hospitais já foram reconstruídos. A administração Trump encerrou o programa para os outros três países também. O processo na Califórnia alega que os EUA restringiram seus critérios para determinar se os países se qualificam para status de proteção, violando assim os direitos constitucionais de pessoas com o status protegido e seus filhos cidadãos americanos. O processo busca uma ordem judicial para restabelecer o status temporário protegido para pessoas dos quatro países, mas também propõe uma alternativa que proteja os recipientes com filhos cidadãos americanos em idade escolar entre 5 a 18 anos. Com informações do Orlando Sentinel.