Natural de Minas Gerais, Maria Lúcia Lourenço Camilo enfrenta o maior pesadelo de uma mãe. Após perder a filha, Carla Lourenço da Silva, de 32 anos, em janeiro nos Estados Unidos, ela agora busca na Justiça uma forma de trazer de volta os três netos, todos brasileiros, para viverem com ela no Brasil.
A tragédia ocorreu por volta do dia 20 de janeiro, na cidade de Lynn, no estado de Massachusetts, onde Carla vivia com o marido, Thiago Oliveira Amorim, de 33 anos, e os três filhos: Ana Carolina, de 11 anos; Emanuel, de 5; e Alice, de 3. A família vivia no EUA há cerca de quatro anos. A notícia da morte da filha chegou à Maria Lúcia através de uma ligação da neta mais velha.
Inicialmente tratado como suicídio, o caso ganhou novos contornos após investigações indicarem que Thiago forneceu informações falsas à polícia e teria manipulado a cena da morte. De acordo com Maria Lúcia, ela forneceu à polícia registros de trocas de mensagens com a filha, que afirmavam que o casal estava em processo de separação.
Desde então, Thiago já havia sido acusado de obstruir a investigação policial e chegou a ser detido ainda em janeiro. Agora, os dois processos — homicídio e obstrução — serão julgados conjuntamente, conforme acordo entre a acusação e a defesa. Ele permanece preso, sem direito à fiança, e voltará ao tribunal no dia 14 de maio.
A notícia da morte de Carla gerou comoção entre familiares e amigos no Brasil, que organizaram uma vaquinha online para arrecadar fundos e repatriar o corpo. Em poucos dias, foram arrecadados mais de 14 mil dólares (cerca de R$ 81 mil). Segunda a mãe, ela teria sido velada na sua cidade natal, Ipatinga, em fevereiro.
Agora, a prioridade de Maria Lúcia tem sido garantir o bem-estar das crianças, que atualmente estão sob os cuidados de uma amiga da família, residente nos EUA . De acordo com Maria Lúcia, a amiga acolheu os três irmãos temporariamente, mas essa não é a situação ideal, e ela quer os netos em casa, junto com ela.
Diante da situação, Maria Lúcia buscou apoio junto ao consulado brasileiro e iniciou o processo para viabilizar uma possível viagem para os EUA para buscar seus netos. Ela já tirou seu passaporte e visto.
Maria Lúcia relata que, desde a perda da filha, não teve mais contato com os avós paternos das crianças. Ela ressalta que é grata à amiga da família que está cuidando das crianças nos Estados Unidos, mas teme que, com o tempo, a situação fique insustentável. "Ela me disse que teria que mudar de casa para acomodar as crianças. Mas isso não é responsabilidade dela. Eu quero e posso cuidar dos meus netos", diz.
O caso ainda está sendo analisado pelas autoridades dos Estados Unidos, e Maria Lúcia segue aguardando um posicionamento sobre a guarda das crianças, incerta sobre o funcionamento dos procedimentos legais no país, que são diferentes do Brasil.
Segundo a advogada da vara de família americana, Iara Morton, Maria Lúcia não deveria ter problemas em levar as crianças para o Brasil, inclusive por uma terceira pessoa, amiga ou conhecida. E o país não poderia negar a entrada de crianças brasileiras, órfãs de mãe, em uma situação como essa, podendo ser diretamente entregues a avó em solo brasileiro.