Na segunda-feira (17), um juiz federal questionou um advogado do Departamento de Justiça sobre o motivo de a administração Trump ter ignorado sua ordem sobre a deportação de centenas de supostos membros de gangues venezuelanos. Agora, as autoridades afirmam que os deportados podem ter sido acusados de crimes, mas não necessariamente condenados.
Uma família na Venezuela questiona por que seu ente querido foi enviado para El Salvador, alegando que ele não possui histórico criminal. Francisco Javier Garcia foi um dos deportados pela administração Trump, segundo a família. Eles insistem que ele não tem antecedentes criminais na Venezuela nem nos EUA, e alegam que seus direitos estão sendo violados, já que ele foi informado de que seria deportado para a Venezuela, não para El Salvador.
O presidente Trump afirma ter autoridade para realizar as deportações, citando a Alien Enemies Act de 1798, que só foi usada em tempos de guerra. "Bem, isso é uma guerra porque Biden permitiu que milhões de pessoas, muitas delas criminosas, entrassem no país", disse Trump.
Agora, a Casa Branca está em uma batalha judicial com os tribunais. Um juiz federal bloqueou rapidamente a ação, ordenando que os voos de deportação retornassem aos EUA, mas os aviões não voltaram. A administração Trump afirma que não desrespeitou a ordem judicial, pois a apelação foi feita depois que os aviões já haviam deixado o território dos EUA.
"Eu acredito que isso pode ser o começo de uma crise constitucional", disse Joseph Malouf, advogado constitucionalista. Malouf destacou que o país deve se preocupar profundamente. "Agora temos alguém que está alegadamente quebrando a lei e, ao mesmo tempo, é responsável por aplicá-la. Isso é um conflito e uma crise em nível constitucional", afirmou.
Durante esse impasse, a Casa Branca não identificou os deportados nem forneceu provas sobre seus crimes. Críticos dizem que isso viola a 14ª Emenda. "Muitas das pessoas que estão sendo presas podem ou não ser membros de gangues, e podem ou não ter cometido crimes. Por isso, há um processo legal para determinar o que a pessoa fez, quem fez e qual deve ser a punição", disse Malouf. "Isso é completamente diferente de nosso sistema e é por isso que estão fazendo isso fora do país."
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que a Patrulha de Fronteira e o ICE, juntamente com o Departamento de Segurança Interna, têm certeza sobre a identidade dos indivíduos nos voos e a ameaça que eles representam para o país.
A Casa Branca confirmou que os contribuintes dos EUA estão pagando US$ 6 milhões a El Salvador para abrigar as 261 pessoas deportadas. Destas, 101 foram deportadas por "processos de imigração regulares".
Fonte: NBC