Brasileiros que trabalham nos EUA são de exatas e formados em universidades paulistas

Nova pesquisa da AG Immigration mostra fuga de cérebros nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática

Por Lara Barth

Brasileiros que trabalham nos EUA são de exatas e formados em universidades paulistas

Um número cada vez maior de brasileiros têm ido para os Estados Unidos, seja a lazer, estudo ou trabalho. Em 2023, por exemplo, o governo americano emitiu 28.050 green cards (documento de residência permanente) para cidadãos do Brasil – o maior volume da história. Além disso, o País também é um dos que mais enviam alunos para as universidades estadunidenses.

Quando o assunto é trabalho, o cenário é parecido. Entre 2021 e 2023, pouco mais de 3,5 mil brasileiros foram contratados por empresas dos EUA, segundo um novo levantamento elaborado pela AG Immigration, escritório de advocacia especializado em green cards, a partir de registros do Departamento de Trabalho americano.

Segundo a pesquisa, do total de brasileiros contratados nesse período, 1.669 (32,8%) tinham ensino superior. As graduações mais comuns entre eles foram Administração (333), Engenharia Elétrica ou Eletrônica (149), Ciência da Computação (133), Engenharia Mecânica (105) e Direito (58).

“Quando olhamos para a lista das formações mais citadas pelos brasileiros, vemos uma dominância das áreas de STEM, consideradas estratégicas pelos EUA. Por causa disso, esses profissionais acabam tendo mais facilidades para obter vistos e autorizações de trabalho”, comenta Leda Oliveira, CEO da AG Immigration.

STEM é uma sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática, compreendendocentenas de profissões, como médicos, dentistas, programadores, microbiologistas, analistas de TI, especialistas em cibersegurança, IA ou dados, estatísticos, agrônomos, técnicos em painéis solares, mineração ou controle de qualidade, geneticistas, matemáticos financeiros, astrônomos e contadores.

“São campos que impactam diretamente a segurança nacional, o crescimento econômico, a competitividade global e a inovação tecnológica de qualquer nação”, observa Leda, ressaltando, contudo, que a imigração de brasileiros qualificados para os EUA não se restringe à área de STEM.

Segundo o levantamento da AG Immigration, por exemplo, formações em outros campos do conhecimento, como Publicidade e Propaganda (37), Comunicação (31), Relações Internacionais (14) e Educação Física (10), também aparecem entre os brasileiros contratados por companhias dos EUA, ainda que em menor frequência.

“Parte dessa mão de obra vem trabalhar em posições gerenciais ou executivas nos EUA. Assim, um trabalhador formado em jornalismo ou medicina, por exemplo, pode ter vindo para atuar como CEO, diretor ou gestor”, salienta a executiva, que há dez anos vive no estado americano da Flórida.

As instituições de ensino mais comuns

O levantamento da AG Immigration também analisou as instituições de ensino de formação dos brasileiros, com base nas informações apontadas pelos empregadores americanos no momento da admissão desses profissionais.

A escola mais citada foi a Universidade de São Paulo, com 63 graduados sendo contratados por empresas dos EUA entre 2021 e 2023, seguida por Mackenzie (45), Unip (44), FGV (27) e FEI (24).
O levantamento da AG inclui os profissionais contratados por meio do visto EB-3, que garante a residência permanente (green card) aos estrangeiros. Não inclui os brasileiros que já moram no país norte-americano, pois nestes casos as empresas não precisam declarar a contratação para o Departamento de Trabalho, e nem aqueles que vão trabalhar por meio de vistos temporários ou que não exigem o patrocínio de um empregador.

A primeira universidade fora de São Paulo a aparecer na lista é a PUC-Rio, com 18 graduados indo trabalhar nos EUA entre 2021 e 2023.

“É uma lista que se assemelha com os vários rankings que existem sobre as melhores instituições acadêmicas, mas com diferenças significativa, incluindo, a presença de faculdades voltadas especificamente para o ensino de engenharia e tecnologia, reforçando um movimento de fuga de cérebros nessas áreas do Brasil para os EUA”, alerta Leda.

Fonte: AG Immigration