Na última semana aconteceu a décima edição do Focus Brasil que, como sempre, trouxe brasileiros que vivem como imigrantes e trabalham com a comunidade em várias partes do mundo. No painel da mídia brasileira, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa Internacional, Arthur Muranaga, Márcia Curvo e Mauro Cardoso falaram, respectivamente, da situação dos brasileiros que vivem no Japão, na Holanda e na França.
Enquanto nos Estados Unidos grandes jornais recentemente aderiram evitar a palavra “imigrante ilegal” em seus textos, usando assim o “undocumented” (indocumentado) como menos pejorativo, no Japão, de acordo com Muranaga, o termo usado para se referir aos imigrantes significa, na tradução, aquele que saiu de seu país para trabalhar, ou seja, um retirante. Além disso, o imigrante brasileiro do Japão precisa conviver com o analfabetismo que muitas vezes não termina, já que o japonês é uma língua mais difícil e inclusive com uma grafia diferente.
Na Holanda, as dificuldades são diferentes também dos países de língua inglesa. Apesar de não haver a exigência de visto para brasileiros entrarem na Holanda, o sistema de imigração é mais complicado. “Vejo nos Estados Unidos que a pessoa se legaliza e depois de um tempo pode levar familiares. Na Holanda isso não é possível”, disse Curvo.
Curvo completou que na Holanda só se casa quem está legal. “Se a pessoa estiver ilegal não pode casar e precisa fazer uma prova de holandês como parte das exigências para conseguir o visto”.
Já a França, de acordo com Cardoso, viu uma grande diminuição da comunidade brasileira nos últimos anos com as melhorias da economia brasileira. Ao mesmo tempo, muitos brasileiros que viviam em outros países europeus, como Portugal e Espanha, estão se mudando para a França por causa da crise naqueles países. “Daí se inicia um novo desafio com uma nova língua”, explicou o brasileiro.
Ao mesmo tempo, o brasileiro que vive na Europa convive com o drama que o continente enfrenta com a chegada de refugiados africanos, uma das maiores tragédias humanitárias do século 21. No último dia 19 de abril, o naufrágio de um barco pesqueiro em águas líbias matou 800 pessoas que tentavam atravessar o mar Mediterrâneo. Pouco antes, aproximadamente 450 pessoas morreram em casos semelhantes. Essas pessoas buscam a sobrevivência. O tratamento de imigrantes é diferente em todo o mundo. Enquanto alguns países não dão abertura alguma a reformas, tampouco à extensão de direitos a imigrantes, nos Estados Unidos, apesar de não vermos a ação esperada no Congresso, pelo menos o imigrante pode ter mais esperança.