Olhando para trás, o que você considera que foi essencial para a carreira que construiu?
Fátima Bernardes - Eu acho que foi estar sempre disposta a aprender algo novo. Quando eu comecei na Globo, entrei como repórter, mas logo me surgiu o desafio de fazer a apresentação e eu acumulei as duas funções. Em seguida, comecei a aprender a editar as minhas próprias matérias. Depois, vi a importância de sugerir pautas. Então a ideia de estar sempre disponível para aprender algo novo foi o mais importante, para que a minha carreira tivesse sempre caminhando. Eu acho que o perigo em uma carreira profissional, e o que sempre me preocupou, é a estagnação. É você se acomodar diante de uma situação. Então, mesmo depois de chegar ao Jornal Nacional, onde fiquei por 14 anos, no cargo mais desejado do telejornalismo brasileiro, eu achei que era hora de mexer exatamente por isso, para que eu pudesse continuar aprendendo. Eu acredito que é isso que faz o sucesso em qualquer profissão, em qualquer carreira. GN -Em algum momento, pensou em seguir carreira internacional?
FB - Não, em nenhum momento porque eu acho que eu fui para apresentação muito rapidamente e, por isso, fiquei muito vinculada a estar no Rio de Janeiro, onde é a sede da Globo. Eu não abandonei a reportagem, mas fazia as que davam pra fazer daqui, ou quando eu estava no Fantástico e viajava por temporadas, mas me estabelecer fora do Brasil não chegou a ser um projeto para mim. GN -Como você vê ou o que espera do jornalismo no futuro?
FB - Eu acho que, na essência, tem que mudar pouco. O que precisamos fazer, e que jáfazemos, é dar cada vez mais voz às pessoas. E de uma certa maneira, com o imediatismo da internet, fazer com que o jornalismo possa aprofundar, de alguma maneira, a reflexão. Por que a informação está chegando muito rápido para as pessoas. Mas ela muitas vezes chega sem confirmação, sem apuração, sem identidade. Então eu acho que o papel do jornalista é traduzir o que está quase que sendo cuspido em cima das pessoas de uma maneira muito veloz, para que elas possam realmente formar opiniões, aprimorar e entender o funcionamento do mundo em que elas vivem.