Guardas armados e pais receosos: o embate sobre a segurança escolar na FL

Por Arlaine Castro

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Segurança escolar: a maior parte das escolas da Flórida retomou as aulas nesta semana, justamente quando se completou seis meses do tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School, em Parkland, onde 14 estudantes e 3 funcionários morreram nas mãos de um ex-aluno armado com um fuzil AR-15. Desde então, pais e alunos questionam as autoridades escolares, policiais e das cidades quanto a novas medidas de segurança e prevenção a ataques. Em março, foi então assinada aMarjory Stoneman Douglas High School Public Safety Act, instituindo Flórida como o primeiro estado a exigir policiais ou guardas armados em todas as escolas públicas. No entanto, para cumprir a lei, os distritos escolares da Flórida ainda estão lutando para encontrar dinheiro suficiente para colocar segurança armada em cada campus. Os superintendentes dos distritos estão explorando todas as opções para reduzir os gastos e maximizar outros recursos, para que possam acompanhar os custos e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança. Broward busca por sistema de segurança da “escola mais segura da América” Por isso, vários conselhos escolares estão propondo aos eleitores que aprovem o aumento da taxa de imposto de propriedade para ajudar a pagar pela segurança. Alguns planejam realizar referendos já neste outono. A nova lei da Flórida proíbe os professores, mas permite que outros funcionários do distrito, como treinadores, realizem as 132 horas de treinamento exigidas se o distrito do condado e a polícia local aprovarem. A lei reserva US $ 67 milhões para o programa guardião e US $ 97,5 milhões para oficiais de recursos escolares como parte do total de US $ 400 milhões para proteger melhor as escolas e oferecer mais serviços de saúde mental no campus. Broward County A pressão quanto à segurança nas escolas está tão grande que os pedidos para que o superintendente das Escolas Públicas do Condado de Broward, Robert Runcie, renuncie, estão crescendo depois que um relatório independente apontou que o distrito perdeu oportunidades de ajudar Nikolas Cruz e evitar a tragédia. As Escolas Públicas do Condado de Broward retomaram as aulas na quarta-feira, 15, com novas medidas de segurança, incluindo guardas armados e novas câmeras de vigilância, mas sem detectores de metais nas portas, causando preocupação entre alguns pais e alunos que esperavam a instalação já no início do ano letivo. Todavia, um programa piloto de detector de metais para os próximos meses não foi descartado, segundo o distrito. Além dos policiais, a Safe Havens International – empresa de segurança, pediu que o distrito escolar de Broward atualize seu sistema de vigilância para permitir que as câmeras sejam vistas remotamente e um sistema de intercomunicação digital que pudesse ser acessado fora do campus. Também sugeriu que o distrito considere colocar botões de alarme de pânico nas principais áreas das escolas, mas não dentro das salas de aula. A empresa não recomenda o uso generalizado de vidro contra balas de armas de fogo, dizendo que não protege contra tiros de fuzil. A fim de aumentar a segurança, um aplicativo chamado SaferWatch também foi criado para aumentar a comunicação entre alunos, pais e a polícia. Miami-Dade County Os líderes do Condado de Miami-Dade disseram que vão trabalhar com as autoridades policiais e outras entidades governamentais para alavancar os US $ 10 milhões adicionais em fundos de escolas seguras que receberam. O superintendente Alberto Carvalho anunciou nesta semana que seu distrito acrescentaria 100 guardas de segurança desarmados e 20 oficiais armados para reforçar a proteção do campus. Orange County Na Central Florida, alguns policiais do Condado de Orange foram transferidos temporariamente para escolas do distrito, enquanto aguarda a liberação de verba de cerca de US $ 11,2 milhões para contratação de 75 novos policiais e funcionários de apoio para as escolas. Enfrentando o medo Embora os pais e alunos saibam que há certo riscos, a confiança no sistema de segurança da Flórida também é grande e eles sabem que é preciso superar o que houve. Nesse início de ano letivo, um pouco mais confiante está Patrícia Daniel, que tem três filhos em escolas do sul da Flórida e percebeu o quanto as escolas estão fazendo de tudo pela segurança dos alunos. “Adoro as escolas que eles estão. Hoje mesmo teve uma reunião e a direção fez questão de destacar que agora o portão vai ficar fechado quando não houver o vigia e para entrar, mesmo os pais e conhecidos, será preciso ligar primeiro e ter a entrada autorizada.” Sobre o que ocorreu em Parkland, Patrícia pensa que a falha maior foi quanto às informações sobre o aluno. “A escolha falhou em não vigiar, não acompanhar. Um aluno com um histórico de violência, um histórico de comportamento tinha que ser um aluno monitorado”, opina. Para Patrícia, mesmo com todas essas mudanças e aparatos para segurança, ainda há falhas, especialmente quanto ao sistema educacional. “São muitos alunos nas salas e a gente percebe que falta interação com os alunos. É um sistema meio robótico e não precisa ser assim. Meu filho está indo para a Middle School com 11 anos e não tem recreio de verdade, aquele momento de recreação. Eles sentam para comer, mas não podem conversar muito, não pode falar alto, acho que isso inibe e não dá pra perceber quem realmente está com algum problema grave.”, pondera. Um sistema mais humanizado faria toda a diferença, segundo a mãe. “Não existe momento de descontração entre os alunos para permitir que se conheçam melhor, interajam com o professor de forma lúdica. O sistema meio que impede isso”, argumenta. Leia também Escolas da FL enfrentam desafios para contratação de guardas armados