O U.S. Citizenship and Immigration Services (USCIS) vai criar um escritório específico para identificar fraudes em processos de cidadania. Os alvos são pessoas que já foram rejeitadas em algum processo para obter a naturalização nos EUA, mas que criaram uma nova identidade, possivelmente falsa, e obtiveram a cidadania.
O esforço envolve um novo escritório no sul da Califórnia que analisará os casos e os encaminhará para o Departamento de Justiça, que é capaz de realizar processos de desnaturalização contra os cidadãos.
"Ninguém que tenha obtido a cidadania americana assumindo deliberadamente uma identidade falsa ficará surpreso ao saber que está sendo encaminhado ao Departamento de Justiça para o processo de remoção", disse o porta-voz do USCIS, Michael Bars. "O USCIS analisa atos deliberados de fraude relacionados ao uso de identidades falsas."
O número de casos pode chegar a alguns milhares, disse o diretor do USCIS, L. Francis Cissna, em entrevista à Associated Press. "Finalmente, temos um processo para chegar ao fundo de todos esses casos ruins e começar a desnaturalizar pessoas que não deveriam ter sido naturalizadas em primeiro lugar", disse Cissna. "O que estamos vendo, quando analisado a fundo, é potencialmente alguns milhares de casos".
O Departamento de Justiça tem perseguido a desnaturalização há muito tempo com base em fraudes. Um relatório do Inspetor-Geral do Departamento de Segurança Interna de 2016 constatou que pelo menos 858 pessoas receberam cidadania dos EUA, apesar de terem sido deportadas com uma identidade diferente, porque suas impressões digitais não estavam no sistema.
Em investigações semelhantes, no início do governo Obama, foi criada a Operação Janus que investiga e resulta em desnaturalizações até hoje.
Desde o governo Obama, a Immigration and Customs Enforcement (ICE) também tem trabalhado para colocar mais de 300.000 registros de impressões digitais em um sistema que pode ser verificado em relação a pedidos de cidadania.
De acordo com o USCIS, o esforço para acompanhar esses registros resultou em 2.500 casos que foram sinalizados para uma revisão em profundidade, e 95 deles foram encaminhados ao Departamento de Justiça até o momento.
Um ex-assessor chefe do USCIS, Ur Jaddou, agora diretor do grupo de defesa pró-imigração America's Voice, disse que é "perturbador" que o governo Trump esteja focando para o que é uma questão em andamento, levantando suspeitas de motivos ocultos por trás, “talvez para assustar cidadãos legítimos naturalizados”, disse.
Com informações da Associated Press.