Flórida é o 7° estado com alto custo para cuidados com a saúde, aponta pesquisa

Por Arlaine Castro

Sete dos 10 principais estados cujos cuidados com saúde saem mais caros estão no sul dos Estados Unidos e a Flórida é o sétimo, aponta o estudo "Preços dos hospitais nos Estados Unidos: uma análise de cidades e estados dos EUA", feito pelo Grupo de Pesquisa sobre Custo e Política em Saúde divulgado em setembro pela Universidade Johns Hopkins. Houve também diminuição no número de pessoas cobertas por seguros de saúde, indica outra pesquisa. Menos pessoas com seguro de saúde Foi registrado um acréscimo de quase 2 milhões de americanos que não estavam segurados em 2018 em comparação com o ano anterior. A parcela de pessoas sem cobertura de seguro-saúde também foi ligeiramente superior a 2017, cita o censo. Brasileiras se juntam pelo apoio profissional e de saúde a mulheres no sul da Flórida Na Flórida, o número de pessoas sem seguro de saúde aumentou ligeiramente de 12,9% para 13% da população total - um aumento de cerca de 50.000 pessoas - segundo o relatório anual do Census Bureau. Uma outra pesquisa destaca que, na região central da Flórida, quatro em cada cinco habitantes que atualmente possuem seguro de saúde se declararam preocupados em não poder pagar assistência médica no futuro, seja assistência médica em domicílio, acidente grave ou seguro de saúde, mostrou uma recente Pesquisa de Estado da Experiência em Saúde do Consumidor* (CHESS) da Altarum. Mais de 60% dos entrevistados, especialmente as pessoas que compraram planos de saúde particulares e aqueles que receberam o Medicaid, disseram estar preocupados em não poder pagar pelo seguro de saúde no futuro. Mesmo aqueles que possuem cobertura por meio do Affordable Care Act ou o Medicaid estão preocupados com a perda de cobertura, de acordo com a pesquisa. Acessibilidade à assistência médica A preocupação da população com a acessibilidade à assistência médica é algo comum. O estado vem sendo apontado como um dos mais caros na área, onde mais da metade dos floridianos adia ou pula os cuidados médicos, luta para pagar suas contas médicas ou não tem seguro porque os serviços de saúde são muito caros, cita a pesquisa da Altarum. Flórida aprova inclusão de educação em saúde mental para alunos nas escolas públicas Assim, 56% dos adultos sem seguro citaram 'muito caro' como o principal motivo para não ter cobertura. A repeito de atraso ou renúncia à assistência médica devido ao custo, quase metade (46%) dos adultos da Flórida encontrou uma ou mais barreiras relacionadas a custos para obter assistência médica nos últimos 12 meses, que incluem: 30% disseram que demoram mais para ir ao médico ou realizar um procedimento e 25% evitaram ir ao médico ou realizar um procedimento completo. "Os resultados da pesquisa são um bom lembrete de que [os cuidados com a saúde] são uma fonte séria de angústia para os floridianos", disse Anne Swerlick, analista sênior de políticas de saúde e advogada do Instituto de Políticas da Flórida. “E é valioso para a educação pública em geral, porque o público precisa continuar pressionando seus legisladores a agir para ajudar a resolver esse problema que não acaba. " Como pontos citados pelos entrevistados da pesquisa para os altos custos dos cuidados com a saúde estão os hospitais que cobram muito dinheiro e as empresas farmacêuticas que acabam aumentando preço de remédios. Medicaid Obamacare - lacuna de elegibilidade A elegibilidade para o Medicaid é de renda abaixo de 138% da pobreza (cerca de US$ 29.000 para a família de três) enquanto a elegibilidade dos subsídios Obamacare é de renda abaixo de 400% da pobreza - cerca de US$ 83.000 para uma família de três, cita o New York Post, ao analisar como seria caso os imigrantes indocumentados tivessem acesso aos seguros de saúde federais. Cerca de dois terços dos subsídios federais que os estados recebem é através do Medicaid. No entanto, uma proposta de emenda constitucional que pretende expandir o Medicaid sob o Affordable Care Act (Obamacare) na Flórida foi adiada para 2022. Como resultado, famílias com renda abaixo do nível de pobreza continuam não sendo automaticamente elegíveis para o Medicaid. Sul da Flórida na mira de fraude de seguro saúde nos EUA O estado possui um dos maiores programas Medicaid do país em termos de custos gerais e, nos últimos anos, o governo federal cobriu cerca de 60% dos custos desse seguro na Flórida, segundo um novo relatório publicado pela The Pew Charitable Trusts. "Ou você ganha muito bem ou ganha muito pouco para se qualificar para o Obacamare, por exemplo. Muitas pessoas moram na Flórida há anos e não têm seguro médico também por isso", aponta Mirian de Sousa, agente da Vumi (seguradora de saúde internacional) que faz parte da True Financial Group e trabalha com diferentes tipos de seguros de saúde e de seguros de vida internacional na Flórida. "Com esse tipo de seguro de vida internacional, por exemplo, a pessoa pode ser atendida em qualquer lugar do mundo. Para quem viaja ou mesmo para quem mora aqui e vai para o Brasil, é ideal. Não é muito barato, mas comparado com os seguros de saúde daqui, ele fica um pouco abaixo e oferece todos os benefícios que um seguro normal. Tem o co-payment como qualquer outro seguro e a pessoa pode ser atendida aqui, no Brasil ou em qualquer outro lugar", explica. Sousa atribui o alto custo do sistema de assistência à saúde nos EUA como um mix de fatores que somam o alto custo administrativo da saúde em geral e a falta de envolvimento do governo para controlar os preços no sistema de saúde. "Os preços de equipamentos e medicamentos são muito altos. Precisamos ressaltar que os medicamentos também são caros se não tiver um plano de saúde", afirma. Testes em clínica da Flórida conseguem curar câncer Serviços gratuitos de cuidados com a saúde Serviços gratuitos de cuidados com a saúde salvam, literalmente, que não consegue arcar com altas despesas médicas. Diagnosticada com câncer gástrico com metástase para o ovário em fevereiro deste ano, a jornalista Vanuza Ramos, 46, conta que a primeira coisa que vem à mente é como pagar o tratamento. “Após o choque da notícia, a primeira pergunta que a gente se faz é como vou pagar essa conta”. No caso dela, a conta era de quase $48.000 pelos 10 dias de internação no Holy Cross Hospital. “Eu busquei fazer um seguro imediatamente, mas um plano que cobrisse minha conta anterior me custaria em torno de US$450 por mês. Inviável para mim, que já sabia que teria que trabalhar bem menos. Além disso, não cobriria a quimioterapia 100%”, relata. Como o Holy Cross tinha inscrito Vanuza num charity plan do próprio hospital para custear aquimioterapia, ela optou por não fazer o seguro. “E se eu tivesse qualquer tipo de seguro, não seria aprovada no charity plan. Optei por ficar sem seguro, devendo a conta anterior, que estou negociando ainda com eles”, conta. Vanuza também contou com a ajuda dos amigos, através de várias campanhas, o que ajudou muito na compra de medicamentos e exames extras, que são caros e não são cobertos pelo hospital. Cobrança após o parto Em um outro caso, Amanda Amaral até hoje tenta resolver um impasse entre o seguro e o médico quando ela foi ter o bebê em janeiro deste ano. Segundo Amaral, ela estava coberta pelo Medicaid emergencial que cobriu a conta do hospital e os remédios, mas o médico se recusou a aceitar o pagamento pelo Medicaid porque segundo ela, ele diz que não aceita tal plano. "Eu trabalhava e tinha plano de saúde, fiz todo o pré-natal com um médico que o meu antigo plano cobria, mas não tenho família aqui então tive que sair do meu trabalho um mês antes do meu bebê nascer e fiquei sem plano de saúde. Esse médico dá plantão no hospital de Margate. No dia que minha bolsa estourou ele estava de plantão no hospital, ou seja, eu não mandei chamá-lo mas mesmo assim ele está criando a maior confusão. Ele mandou o meu nome para uma empresa de cobrança e o Medicaid me disse que fará o pagamento somente depois que a empresa de cobrança desvincular disso. Já liguei mil vezes na empresa de cobrança e não consigo resolver nada. Ou seja, tem grande chance de eu ter que pagar por uma coisa que o Medicaid disse que pagará", relata. De acordo com o estudo da Universidade Johns Hopkins , os 10 estados onde cuidados com a saúde mais caros são: Texas, Nevada, Califórnia, Mississipi, Geórgia, Alabama,Flórida, Havaí, New Jersey, Louisiana. *A Pesquisa de Estado da Experiência em Saúde do Consumidor (CHESS) da Altarum foi realizada de 28 de junho a 13 de julho de 2019 com mais de 1.200 adultos da Flórida, para obter opiniões imparciais dos entrevistados sobre uma ampla gama de problemas do sistema de saúde, incluindo confiança no uso do sistema de saúde, encargo financeiro e opiniões sobre as correções que possam ser necessárias.