Fazer acontecer porque a vida é agora - Viver Bem

Por Adriana Tanese Nogueira

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Dizem os experts em liderança que ser líderes é mais do que ter determinados traços da personalidade, é mais do que seus conhecimentos e diplomas. Um bom líder é aquele que sabe interagir com o ambiente no qual se encontra, ouvir as pessoas com as quais trabalha e saber integrar suas necessidades e sabedorias num projeto comum. O líder não manda, mas segue, elabora, promove, suporta e tem visão.

Liderança é sabe articular o que você tem pelas mãos, demonstrando a flexibilidade para adaptar objetivos e métodos às condições de seus recursos materiais e humanos. Muita gente fica parada no ponto, resmungando porque falta isso ou aquilo, porque o brasileiro é isso e aquilo… – mas a questão é: e daí? Vamos esperar que as coisas mudem para então fazermos o que queremos? Ao contrário dessa passividade lamentosa, é preciso saber trabalhar com o que se tem pelas mãos. O ambiente humano e social ideal não existe, pelo menos, não está no aqui e agora. Portanto, pare de reclamar e aprenda a lidar com o que está ao seu alcance. Quem precisa ampliar a visão, dialetizar o entendimento e a prática, aprofundar o questionamento e transformar a realidade é você.

Mudar o foco é outro aspecto importante. A forma de pensar ocidental tradicional gosta da ideia perfeita, atemporal, redonda, que possui em si todas as condições para o sucesso. A partir daí, se tenta aplicar esta ideia na realidade. Erro! O que acontece? Com demasiada frequência ocorre que, como falta o conjunto inteiro dos recursos necessários, o projeto fica empacado.

Por exemplo, é comum a reclamação da falta de dinheiro. Porque falta dinheiro não vou poder ampliar o business, ou não vou procurar me aprimorar para resolver meus problemas, ou não vou abrir o negócio, ou… etc. E, dessa forma, se continua empurrando com a barriga a realidade insatisfatória por tempo indefinido, o que tem como efeito colateral o aumento da confusão mental, do esgotamento emocional e do desânimo. A falta de dinheiro pode ser real, mas… até que ponto? Que tal usar o jeitinho brasileiro para encontrar formas de conseguir o que se precisa sem passar pela porta principal? Exemplo: negociar preços, utilizar recursos por menor tempo, focar uma parte somente do trabalho a ser realizado, a mais urgente, pedir ajuda, informar-se, ler, conversar com quem pode orientar.

O que parece um “alongar” o caminho pode ser o único jeito de, de fato, ir adiante. Se para andar pela Dutra tenho que ficar numa velocidade de 20 quilômetros por hora, eu tenho duas opções: ou fico parado esperando que o trânsito retome seu ritmo normal ou saio dela e pego outro caminho, mais longo mas mais livre. Vou gastar mais tempo? Talvez sim, talvez não. Mas enquanto isso vou ganhar em termos emocionais porque vou ficar menos estressado. A sensação de estar se mexendo, de não estar parado, tem um efeito psicológico que não pode ser subestimado. Para completar, o novo percurso pode me trazer encontros úteis e interessantes, e eu descobrir que meus objetivos iniciais precisam ser burilados. É isso que significa que o caminho se faz andando.

Outra reclamação comum é a falta de tempo. Assim como com o dinheiro, o tempo que se tem reflete nossas prioridades. Será que elas estão alinhadas com um futuro de crescimento? Onde deixamos nosso tempo? Onde o usamos ou o perdemos? Saber gerenciar o tempo é um daqueles dotes que se cobra das crianças quando não fazem o dever de casa em tempo para o dia seguinte. Neste caso também, é preciso pensar “out of the box”. Aproveite o carro para estudar inglês, ou para colocar aquele CD relaxante, ou para fazer as ligações pendentes. Use as brechas, reajuste o foco, não pense de forma linear, mas criativa.

Metas são, ou deveriam ser, orientações gerais que norteiam nosso andar, e não sargentos medonhos gritando ordens em nosso ouvido. Na hora de estabelecer objetivos, na hora de criar sonhos é preciso manter uma abertura mental para o novo e o inesperado, se não viramos robôs paranoicos que sobrevivem na base de antidepressivos e ansiolíticos. A verdade é que não sabemos tudo nem somos donos de tudo. Não é por isso que se diz “Se Deus quiser”? Na prática individual (e não religiosa) isso significa que a realização do meu projeto se apoia em várias condições. Há variáveis que não dependem somente de mim. Cabe-me fazer o melhor, esforçar-me ao máximo e não me esconder atrás de desculpas, orgulhos e preguiças. Mas por outro lado, preciso me manter aberto para o que der e vier e ter a flexibilidade mental e emocional de saber adaptar meus objetivos ao “que Deus quiser”, para talvez descobrir que era até melhor assim.