A Polícia Federal Brasileira em Rondônia deflagrou a operação “Piratas do Caribe”, no último dia 13, que visa desarticular uma ramificação brasileira de uma organização criminosa que transporta brasileiros de forma ilegal ao exterior, principalmente aos Estados Unidos, via Bahamas, popularmente conhecida como serviço de coiote.
As investigações estão concentradas nos estados de Rondônia, Santa Catarina e Minas Gerais. Segundo o delegado da PF, Raphael Baggio de Luca, com a ajuda de familiares, a Polícia Federal chegou aos nomes de três agências de turismo (uma da cidade de Ariquemes (RO), uma de Governador Valadares (MG), e uma de Joinville (SC), envolvidas no desaparecimento de um grupo de 12 brasileiros desde novembro.
Há uma ordem de prisão preventiva contra um casal de Joinville (SC), responsável pelo embarque de pelo menos duas das 12 pessoas que desapareceram. O casal esteve em uma mansão em Nassau, nas Bahamas, onde teria exigido o depósito de R$ 1,6 mil para o pagamento da estadia no mesmo lugar onde os 12 brasileiros ficaram alojados enquanto aguardavam a travessia, de barco, para Miami. O dinheiro foi depositado na conta da mulher, cujos comprovantes estão com a Polícia Federal. Eles também teriam ajudado na burocracia com remarcação de passagem e vacinas necessárias para os dois passageiros. Os nomes das pessoas e das agências não foram liberados pelas autoridades.
Outras duas pessoas foram presas em Governador Valadares (MG) no dia 12, e foram emitidos três mandados de busca e apreensão em Sardoá, no interior do estado. Em Rondônia também foram presas duas pessoas suspeitas de estarem envolvidas.
O objetivo desta fase da investigação é colher provas de onde estejam estes brasileiros e verificar o grau de envolvimento de outras pessoas neste esquema, “que não só envolveu brasileiros como outros estrangeiros”, informou o delegado da PF.e acordo com a investigação, a rota envolve ida inicial para o Panamá e, depois, para as Bahamas. Lá, eles ficavam numa casa até receberem a ordem de travessia de barco para os EUA. Segundo Baggio, as vítimas passavam em média de 20 a 30 dias perto de um aeroporto internacional, à espera do sinal da quadrilha.
“O preço que cada brasileiro pagou pelo trajeto varia entre R$ 40 mil e R$ 60 mil e tem até uma casa envolvida no negócio”, disse o delegado.
Ainda não se sabe se os brasileiros desaparecidos morreram, foram sequestrados, estão escondidos ou estão em cárcere privado, e, segundo as autoridades, a responsabilidade pelo destino dos desaparecidos pode ser imputada ao grupo que está sendo investigado.
A angústia das famílias
As famílias dos brasileiros desaparecidos vivem a angústia, sem saberem se ainda estão vivos. O casal, Lucirlei Cárita e Regiane Viana, de Canaã dos Carajás (PA), está no grupo de desaparecidos. Lucirlei fez o último contato com a família no dia 5 de novembro e, desde então, o clima de tristeza e preocupação paira no ar para a família.“Se eu soubesse que seria tão perigoso e iria dar nisso, eu não teria deixado meu filho ir. Eu não sabia que ele iria dessa maneira. Ele queria ir para trabalhar e dar um futuro melhor para a filha”, disse ao GAZETA Maria Vali, mãe de Lucirlei.
O Itamaraty informou em nota que a embaixada brasileira em Nassau e o Consulado do Brasil em Miami estão em contato com as autoridades do Caribe e dos EUA para tentar localizar o grupo.