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Exclusivo: Filhos de brasileira levados ilegalmente para o Brasil voltam para os EUA
Os dois filhos, hoje com 7 e 9 anos, foram levados sem autorização para o Brasil pelo pai em 2016 Em mais um dos inúmeros casos de abdução infantil entre Brasil e Estados Unidos, o da mineira Viviane Leite, 30 anos, foi um pouco diferente por serem os pais brasileiros, mas envolveu, além da disputa de custódia, violência doméstica e leis de imigração americana. Depois de dois anos, finalmente, Viviane conseguiu sentença favorável na justiça brasileira e os filhos chegaram nesta quarta-feira, 14, para voltar a morar com ela em New Jersey. “Sei que não vai ser fácil no início pelo tempo que eles ficaram no Brasil e porque a família do pai tentou a todo custo jogá-los contra mim. Mas estou muito feliz e poderei ser mãe, dar muito amor e carinho! Viver e aproveitar o que perdemos! Espero poder dar um futuro melhor e fazer deles homens dignos, honestos! Mostrar que não sou o monstro que colocaram na cabecinha deles e que sim, eu os amo demais! Ansiosa pra matar a saudade”, relatou Viviane com exclusividade ao Gazeta News após a resposta favorável da justiça brasileira. Natural de Tiros, cidade do interior de Minas Gerais, há quase quatro anos Viviane veio para morar em Ocean Township, cidade de Nova Jersey com os filhos Christyan, 9 anos e Gabriel, de 7 anos. Ela e o ex-marido já tinham morado nos EUA anteriormente, onde tiveram o primeiro filho, e haviam voltado para o Brasil. A luta de Viviane para ter os filhos de volta começou no dia 22 de fevereiro de 2016, quando o ex-marido Antonio Carlos Dias Jr, levou os dois meninos para o Brasil sem sua autorização. Desde então, a mineira lutou na justiça para trazer os filhos que estavam sendo criados pelos avós paternos em São Gotardo (MG), cidade natal do ex-marido, que voltou para os EUA seis meses depois atrás da ex-mulher, mas foi preso em New Jersey, onde está até hoje em um centro de detenção em Freehold (NJ), segundo Viviane. “Como eu já o havia denunciado por agressão em NJ, assim que ele entrou no país, o prenderam”, explica Viviane. Como também não estava legalmente nos EUA e alegava risco de morte caso fosse para o Brasil atrás das crianças, Viviane, que trabalha com limpeza em NJ, entrou com pedido para o U- Visa (visto de não-imigrante reservado para vítimas de crimes que cooperam com a aplicação da lei) para legalizar a sua situação e a do filho mais novo, uma vez que ele nasceu no Brasil e não possuía visto. Ela então conseguiu permissão de trabalho e está em processo de obtenção do visto para ela e o filho. Viviane também pediu a devolução das crianças e o caso foi enviado para a justiça brasileira pela Convenção de Haia – tratado internacional destinado a proteger as crianças contra abduções internacionais e retenções ilícitas, inclusive as que foram cometidas por um dos pais – onde, em agosto do ano passado obteve o resultado favorável. Em contato com a justiça brasileira responsável pelo caso de Viviane, Lalisa Froeder Dittrich, Coordenadora do Núcleo de Subtração Intermacional de Crianças da Autoridade Central Administrativa Federal, informou ao Gazeta News que, por lei, não pode dar informações específicas quanto ao caso, mas que “o governo brasileiro, assim como o norte-americano, tomaram as providências para que as crianças retornassem aos EUA”. De violência doméstica à privação dos filhos Viviane entrou pela primeira vez nos Estados Unidos em 2004. Conheceu o ex-marido em New Jersey e teve o filho mais velho em 2008. Seis meses depois, o marido foi deportado e ela também voltou para o Brasil. Em 2010, mesmo sofrendo agressões domésticas, teve o segundo filho no Brasil e em 2014 a família voltou aos Estados Unidos. Ainda sofrendo agressões, Viviane relata que denunciou o ex-marido à polícia de NJ, que o prendeu por violência doméstica, mas soltou mediante fiança. Segundo Viviane, ela então entrou com pedido de ordem de restrição, mas quando o ex-marido foi buscar seus pertences para sair da casa, mesmo acompanhado por policiais, conseguiu pegar junto todos os documentos dos filhos que estavam numa pasta. “Foi quando ele conseguiu pegar as crianças e fugir para o Brasil, em fevereiro de 2016”, relata. Para Viviane, o ex-marido levou as crianças para força-la a ir atrás e assim ter mais poder sobre ela. “Ele achou que eu iria voltar para o Brasil porque nunca me separei dos meus filhos por nada. Mas se eu fosse, seria pior. Eu correria risco e também colocaria a vida dos meus filhos em risco. Então resolvi ficar e lutar daqui por eles”, destaca. No ano passado, o Gazeta News publicou a luta de Viviane para reaver os filhos em Brasileira luta na justiça para buscar os filhos levados para o Brasil sem autorização