Uma pergunta sobre o status de cidadania dos entrevistados será incluída no Censo 2020 nos Estados Unidos para ajudar a reforçar Voting Rights Act, ou a Lei dos Direitos de Voto, disseram autoridades federais na segunda-feira, 26.
O Departamento de Justiça pediu a inclusão da questão sob o argumento de que a obtenção de informações completas e precisas irá atender à finalidade legítima do governo que é saber o número de pessoas que têm cidadania americana e que são aptas a votar, dando mais precisão aos dados e posteriores decisões políticas, segundo comunicado do Departamento de Comércio dos EUA divulgado pela Reuters.
O censo, que é obrigatório sob a Constituição e ocorre a cada 10 anos, conta todos os residentes nos Estados Unidos. Ele é usado para determinar a alocação de cadeiras para estados na Câmara dos Deputados dos EUA e para distribuir bilhões de dólares em fundos federais para as comunidades locais.
As informações coletadas no Censo também são utilizadas para embasar projetos de lei, políticas públicas e determinar o número total de moradores dos EUA, independentemente de status imigratório.
Os opositores dizem que isso poderia desencorajar ainda mais os imigrantes indocumentados de participarem da contagem, especialmente quando eles já temem como as informações podem ser usadas contra eles.
O Estado da Califórnia, que tem uma grande população imigrante, entrou nesta terça-feira, 27, com uma ação em um tribunal federal contra o departamento de comércio e o departamento de recenseamento.
O Procurador Geral da Califórnia, Xavier Becerra, pediu ao Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte da Califórnia para emitir uma injunção liminar e determinar que a medida viola a Constituição ao interferir com a obrigação de conduzir uma contagem completa da população dos EUA.
O Departamento de Comércio defende a decisão ao afirmar que o status imigratório já havia sido questionado em censos anteriores. “Entre 1820 e 1950, todos os censos questionavam se o entrevistado era cidadão americano ou não. Hoje, as pesquisas de menor alcance também fazem essa pergunta”, informou em comunicado.
O anúncio foi feito enquanto o presidente Donald Trump tenta manter sua promessa de campanha de construir um muro de fronteira entre o México e os Estados Unidos e reprimir a imigração ilegal.
“Esta questão de cidadania intempestiva, desnecessária e não testada irá interromper o planejamento em um ponto crítico, minar anos de preparação meticulosa e aumentar os custos significativamente, colocando em risco uma contagem precisa e bem-sucedida", declarou a Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Direitos Humanos.