Procuradores federais dos Estados Unidos apreenderam $20 milhões de dólares dentro de um colchão que seria de um brasileiro ligado ao esquema de golpe global multibilionário de lavagem de dinheiro envolvendo pirâmide financeira nos EUA.
Segundo informações das autoridades norte-americanas divulgadas ontem, dia 5, Cléber Rene Rizério Rocha, de 28 anos, é acusado de lavagem de dinheiro em um esquema de fraudes que envolve a TelexFree, uma empresa de telefonia por internet (Voip) acusada de promover pirâmides financeiras.
A investigação apontou que Rocha atuava como mensageiro do sobrinho do brasileiro Carlos Wenzeler, sócio da TelexFree. No dia 31 de dezembro, Rocha chegou aos Estados Unidos e entregou uma maleta com $ 2,2 milhões a uma pessoa que colabora com as investigações da procuradoria de Boston.
Agentes federais monitoraram Rocha até um apartamento em Westborough (MA) onde o brasileiro foi detido. Após a prisão, o brasileiro afirmou que o montante chegava a $ 20 milhões e os investigadores voltaram ao imóvel e encontraram o dinheiro.
De acordo com a polícia, uma pessoa atuando em nome de um sobrinho de Wanzeler abordou uma testemunha que cooperava com as autoridades para falar sobre a lavagem de um dinheiro que estava nos EUA, utilizando contas em Hong Kong e movimentando os fundos para o Brasil.
Esta pessoa teria pedido à testemunha $40 milhões de dólares que seriam transferidos para fora do país porque a mulher de Wanzeler, que ainda morava nos EUA, estaria pedindo o divórcio e sabia onde o dinheiro estava localizado.
Golpe em quase 1 milhão de pessoas
Fundada por James Merrill, a TelexFree, sediada em Marlborough (MA), é investigada pela procuradoria de Boston como um grande esquema de pirâmide de dinheiro que gerava milhões de dólares ao fazer pessoas pagarem uma taxa de assinatura para serem “promotores comerciais” e publicarem anúncios online para a empresa.
Em abril de 2014, a TelexFree pediu falência com dívidas de $5 bilhões. Procuradores calculam que clientes tiveram prejuízo que somam $ 1,76 bilhão e o número de vítimas da empresa chega a 965 mil nos Estados Unidos, Brasil e em outros países.
Merrill foi preso um mês após o pedido de falência e se declarou culpado em nove acusações de conspiração e fraude eletrônica em outubro de 2016 e fechou um acordo com a Promotoria de Boston para reduzir sua pena. Ele pode pegar até 10 anos de prisão.
Em 2 de fevereiro deve ser realizada a audiência na qual os termos do acordo podem ser aceitos, ou não, pelo juiz responsável pelo caso.
Já Carlos Wanzeler é considerado foragido nos Estados Unidos. Ele fugiu para o Brasil dias antes de ser expedida a ordem de prisão contra os donos da empresa, em 2014 e tem residência no Espírito Santo, onde é beneficiado pela Constituição do país, que impedea extradição de brasileirospara o exterior.
Com informações da Reuters.