É cada vez maior o interesse dos Estados Unidos em receber estudantes brasileiros em suas universidades, o que é uma forma de promover a diversidade cultural, fortalecer os laços com o Brasil e, claro, impulsionar a sua economia, que ainda se recupera da crise vivida nos últimos anos.
Enquanto aumenta a receptividade, cresce também o interesse dos jovens brasileiros em fazer uma graduação, especialização ou mesmo um mestrado e doutorado fora do país e na maior potência mundial que é os Estados Unidos.
No final de 2012, o Brasil alcançou a 14º posição entre os países com maior número de alunos estudando em universidades americanas. Segundo o relatório Open Doors, publicado anualmente pelo Instituto de Educação Internacional (IEI) em parceria com o Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos EUA, dos 764.495 alunos estrangeiros no período de 2011 e 2012 estudando em universidades americanas, 9.029 eram brasileiros.
Com foco na expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira, o governo brasileiro tem buscado o intercâmbio entre alunos estrangeiros e brasileiros através do programa Ciência sem Fronteiras.
O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que estudantes, professores e pesquisadores façam estágio no exterior. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil.
Maiores oportunidades
A carioca Marina Santos Chichierchio, 20 anos, deixou o Rio de Janeiro em agosto de2012, para estudar biomedicina na Florida International University (FIU), em Miami. Apesar de estar prestes a se formar no Brasil, ela não pensou duas vezes ao saber das inscrições para participar do programa Ciência sem Fronteiras. “Segui todos os passos e consegui a bolsa”, conta.
Marina termina suas aulas no dia 26 de abril, e pretende estagiar ainda nesse verão. Depois, ela retorna ao Brasil, onde terá sua formatura no meio do ano.
E é justamente o que a atraiu a estudar fora do país, que faz com que ela queira voltar ao exterior futuramente. “As oportunidades se tornam maiores depois que você tem uma experiência no exterior, fora as qualificações pessoais e culturais que você adquire. Pretendo terminar a graduação lá, mas fazer um mestrado fora do país”.
O mercado de trabalho no exterior também está nos planos da jovem. “É onde o meu trabalho terá maior reconhecimento”.
Irene Coelho Sultanum Neta, 22 anos, de Recife (PE), também está em Miami desde agosto de 2012, estudando engenharia na FIU por um ano. Ela também tomou conhecimento sobre o Ciência sem Fronteiras enquanto estava na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Essa não é sua primeira experiência no exterior. Durante o ensino médio, ela já tinha estudado em Mansura, Louisiana, por um ano. “Acredito que estudar no exterior proporciona uma experiência de vida única. Conhecer nova cultura, gente de todo o mundo, aperfeiçoar meu inglês, amadurecer como pessoa. Eu quis morar no exterior porque acredito que é a melhor forma de investir em mim mesma”, afirma Irene. Seus planos também são retornar ao Brasil e concluir a graduação. “Depois desse ano e das experiências vividas, decidi dedicar-me à energia solar. Pretendo trabalhar em alguma empresa de projetos na área de energia renovável”, conta.
Pós-graduações: enquanto cai número de estrangeiros
em geral, aumenta o de brasileiros
Enquanto em números gerais cai a procura por cursos de pós-graduação nos Estados Unidos por estudantes estrangeiros, cresce o número de interessados brasileiros e indianos.
Em 2013, o crescimento desse setor foi de apenas 1%, muito menos que nos anos anteriores, quando foi de 9% em 2012, e 11% em 2011. De acordo com o Council of Graduate Schools (CGS), o principal motivo da queda foi o menor número de submissões de propostas por parte de estudantes chineses. Apesar disso, o relatório destaca o aumento na procura por parte de estudantes do Brasil e Índia.
O CGS é uma organização de mais de 500 instituições de ensino superior nos Estados Unidos e no Canadá, que oferecem cursos de pós-graduação, pesquisa e preparação de candidatos para níveis mais avançados de estudo. As instituições que compõem o levantamento são responsáveis por 92% dos doutorados e 81% dos mestrados oferecidos nos Estados Unidos.
O aumento de apenas 1% em 2013 na procura pela pós-graduação em instituições norte-americanas – o mais baixo desde que o CGS começou a fazer o levantamento, em 2004 – só não foi menor por causa da maior procura especialmente por estudantes da Índia, demanda que aumentou 20% em relação a 2012.
De acordo com o CGS, estudantes chineses constituem cerca de um terço de todos os alunos de graduação estrangeiros nos EUA e seu elevado número “ajudou a mitigar declínios recentes nas matrículas de estudantes de pós-graduação em instituições” baseadas no país. Mas o relatório apontou uma queda de 5% nas submissões por parte de chineses.
O levantamento inclui dados de todas as submissões de propostas de pós-graduação nas instituições participantes e informações detalhadas de sete países – China, Índia, Coreia do Sul, Taiwan, Canadá, México e Brasil – e de três regiões: Europa, Oriente Médio e África. Os sete países e as três regiões representam 86% de todos os estudantes estrangeiros que buscam cursos de pós-graduação nos Estados Unidos.
O relatório destaca o aumento na procura dos cursos de pós-graduação por brasileiros. Em 2012, já havia sido registrada uma elevação de 9% nas submissões de propostas por parte de estudantes do Brasil em relação ao ano anterior. Em 2013, o aumento foi de 24%, de longe o maior entre os sete países analisados. Canadá, México, Coreia do Sul, Taiwan e Europa apresentaram queda.
“A diminuição geral no aumento das submissões internacionais exige atenção especial dos responsáveis pelas políticas em educação, bem como das universidades. Enquanto os crescimentos da Índia e do Brasil são encorajadores, a queda nas submissões da China precisa ser observada com cuidado. Não podemos manter obstáculos na pós-graduação para estudantes estrangeiros, especialmente quando outros países estão derrubando suas barreiras e atraindo estudantes altamente qualificados”, disse Debra W. Stewart, presidente do CGS.
Apesar de mais estudantes brasileiros tentarem fazer a pós-graduação em instituições nos Estados Unidos, o total ainda é pequeno. Segundo o relatório, no ano acadêmico 2011-2012, 29% dos estudantes estrangeiros matriculados na pós-graduação em instituções no país eram chineses e 20%, indianos. O Brasil respondeu por 1% do total.
Os dados estão no relatório Findings from the 2013 CGS International Graduate Admissions Survey – Phase I: Applications. Com informações da agência da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp)