
Conspiração e impeachment do vice Mourão
Sobre a relação com o vice-presidente, Hamilton Mourão, Feliciano disse que o cargo de vice tem prerrogativas que Mourão não vem cumprindo. "Uma delas é ficar quieto. Ele só fala quando o presidente determina. Ele tem que ser uma extensão do governo e não ser alguém contra o governo. Principalmente quando o governo tem menos de 100 dias", afirmou. Com base numa desconfiança com relação às intenções do vice-presidente, o deputado disse que não votou em Mourão e que ele está faltando com o decoro ao ir contra o presidente. "Votei em Jair Bolsonaro. O vice tem que se colocar no lugar dele. O vice falta com o decoro quando ele 'desdiz' o que diz o presidente. Não se apaga incêndio tirando a autoridade presidencial. Você não pode minar a autoridade presidencial, é inconstitucional. É questão de hierarquia".Exclusivo: Eduardo Bolsonaro esclarece distorção de fala sobre brasileiros ilegalmente nos EUA
Para Feliciano, o fato de Mourão ter vindo até aos EUA há duas semanas e ter dado ouvidos a um grupo que é contra o presidente e que ele (Mourão) sabe disso, foi vergonhoso. "É falta de decoro parlamentar. As prerrogativas o impedem de fazer o que ele está fazendo". Diante disso, o deputado entende que, com certeza, há uma conspiração por trás. "O presidente Bolsonaro foi eleito por uma base conservadora, por evangélicos e católicos conservadores. Não foi pelos militares que têm um ideal positivista e que não funciona numa democracia", afirmou. Para o deputado, que defende a base conservadora, Mourão tem amor pelos holofotes e dá o exemplo das pautas conservadoras em questão que são assuntos polêmicos e precisam ser tratados pelos governantes de forma certa. "Por exemplo, o Bolsonaro diz que é contra o aborto. Vem o vice e diz publicamente que é a favor. As pautas conservadoras deram ao presidente a faixa de presidente da república e ele não pode ir contra isso. O pensamento particular ele (vice) pode ter, desde que fique com ele na sala. Ele não pode ir à público dizer isso porque começa a minar a autoridade presidencial e isso é falta de decoro e falta de decoro é prevista com impeachment na constituição federal", salienta. Sobre um possível impeachment de Mourão, Feliciano explica que já está conversando com sua base jurídica e com os assessores para apresentar o pedido de impeachment do vice tão logo retorne ao Brasil.Exclusiva: Eduardo Bolsonaro fala sobre aproximação com os EUA
"Assim que eu chegar no Brasil, se possível, já vou protocolar o pedido de impeachment do Sr. Mourão, a quem eu me recuso a chamar de General", afirmou ao ler pelo celular o artigo da Constituição que trata do assunto. Contrário às atitudes que o vice-presidente vem tomando, Feliciano disse que não aceita que ele "passe por cima da autoridade do presidente". "Não aceito. Nem o Temer que viu a luzinha no fim do túnel podendo derrubar a Dilma fez o que fez. Nem ele faltou com decoro. Agora, de repente, vem o Mourão, um ilustre desconhecido, tentando passar por cima". Feliciano ressalta ainda que tem argumentos para pedir o impeachment do "Sr. Mourão", como o chama. "Ele age de forma indecorosa neste momento, traindo a confiança do presidente Jair Bolsonaro e sinto conspiração no ar. Percebo que eles estão observando que o presidente não tem o apoio da mídia, que tem apoio popular mas o colocam como despreparado". Sobre a vinda de Mourão aos EUA na última semana, Feliciano entende que o vice-presidente está aproveitando para se aproximar da oposição de Bolsonaro, inclusive fora do Brasil.Desculpas à comunidade brasileira
Capitalismo x Paternalismo
Como já afirmado por Bolsonaro também em entrevista à rádio Gazeta News logo após sua vitória, Feliciano analisa que a vontade é que o Brasil possa "copiar" os EUA em muita coisa. "Sou centrado nos costumes, mas tenho um pensamento liberal na economia, por exemplo. Porque sei que com o capitalismo você realiza sonhos. Aqui, nos EUA, o sistema capitalista funciona. Você trabalha, produz, você recebe. Já no Brasil é na baso do paternalismo. Se você não produz, o seu país cobre isso. Ele te dá o Bolsa-Família, ele te dá o bolsa-escola, e te 'engessa', acaba te tornando num ser dependente", reforça. Ainda sobre esse início de governo, o deputado explica as mudanças que Bolsonaro vem tentando fazer. "Ele está tentando reinventar a política brasileira. Ele está lutando contra um sistema que existe há 30 anos. O nosso sistema de governo é um presidencialismo de coalisão, onde o presidente não governa sozinho. Ele precisa do parlamento para governar".Reforma da previdência
Sobre a polêmica reforma da previdência, Feliciano diz que não depende somente do presidente, mas dos deputados e senadores para fazer a reforma acontecer. "Quando o Congresso vai votar algo que é extremamente impopular, os deputados e senadores terão desgaste em sua base. Então o presidente precisa negociar com eles. Mas essa negociação não é dinheiro para o político diretamente. Se dá pela liberação de verba que ele precisa para chegar lá na cidade dele e dizer que votou pela reforma, mas que em contrapartida conseguiu o hospital, o asfalto, a segurança que a população estava precisando". Deputado Federal desde 2011, Feliciano defende a negociação que o presidente Jair Bolsonaro vem tentando com o Congresso pela reforma. "As pessoas acham que o presidente precisa dar dinheiro para que os deputados votem alguma coisa e não é isso. O Bolsonaro está tentando fazer com que os deputados e senadores votem pela consciência ainda que isso lhe custe alguma coisa. A reforma da previdência é necessária porque hoje o brasileiro está vivendo mais. A expectativa de vida aumentou. Na década de 60, cada brasileiro tinha 4, 5 filhos. Hoje, tem 1, no máximo 2. Naquela época, eram 5, 6 pessoas trabalhando para pagar a aposentadoria de 1. Hoje, não tem isso e a conta não fecha", finaliza.