Entrevista com o diretor Ike Barinholtz da comédia "The Oath" - EXCLUSIVO

Por JANA NASCIMENTO NAGASE

The Oath
O administração Donald Trump está sendo tema principal de vários filmes e documentários hoje em dia. Escrito, dirigido e atuado por Ike Barinholtz, a nova comédia com um toque político The Oath é um deles. O longa acompanha um casal Chris e Kai que tem seu jantar de Ação de Graças destruído quando sua família, dividida por conta de um juramento, conhecido como oath, transforma a discussão política em violência. Esse juramento foi criado pelo governo dos Estados Unidos onde os cidadãos precisam assinar um juramento patriótico até o Dia de Ação de Graças. No elenco também estão Tiffany Haddish, Meredith Hagner, Nora Dunn, John Cho, Billy Magnussen, Jon Barinholtz, entre outros. The Oath é um crítica indireta ao atual governo americano e as inúmeras falhas que o atual Presidente está cometendo. E até podemos fazer um paralelo ao nosso país. Para saber mais sobre o filme, eu tive a oportunidade de falar com Ike por telefone, onde conversamos sobre a inspiração, o elenco, e muito mais. Vamos conferir trechos da entrevista: Jana – Gostei muito do seu filme e até posso fazer um paralelo com o meu país e minha família. Ike – Que bom! Jana – Família porque conversamos sobre assuntos que causam polêmica quando nos reunimos. Ao meu país porque estamos em ano de eleições. Ike – Da onde você é? Jana – Eu sou do Brasil. Ike – Estava lendo algumas matérias sobre as eleições de lá... vocês tem uma versão brasileira do Trump, não é? Jana – Sim temos... mas vamos falar do seu filme que é muito mais bacana. Qual foi a inspiração para o roteiro? Ike Barinholtz – Foi logo depois das eleições de 2016, na verdade, no próprio Dia de Ação de Graças, lá na minha casa, é realmente um grande feriado para mim e para minha família. Depois do jantar, depois de umas taças de vinho... eu, minha mãe e meu irmão entramos numa discussão e começamos a culpar uns aos outros. O que me impressionou foi que estávamos todos do mesmo lado, todos votamos no mesmo candidato, estavámos alinhados politicamente. Aí, pensei: "se essa discussão está acontecendo aqui, o que será que está acontecendo em todo o país?" Jana – Por que você escolheu a Tiffany Haddish? Ike – Sou fã da Tiffany há algum tempo. Ela é uma ótima atriz e muito versátil. Eu adorei a sua performance em Keanu, e achei que ela seria perfeita para a esposa da minha personagem, então escrevi o roteiro já pensando nela. Jana – Não só a Tiffany, mas o elenco está muito bom. Como foi a escolha dos outros atores? Ike – Assim como a Tiffany, eu já tinha em mente a Carrie, o John Cho e meu irmão, Jon, desde da criação do roteiro. Os outros atores foram se juntando depois que leram o roteiro. Alguns foram diretos, como John, que disse “esse filme é sobre o que está acontecendo agora!" Outros recuaram, dizendo que “o roteiro é muito legal, mas eu não quero falar sobre esse assunto." Jana – Esse é o primeiro longa que você está dirigindo. Como é estar na cadeira do diretor? Ike – Muito bom! Eu gostei muito quando dirigi alguns episódios do The Mindy Project. Naturalmente, o passo seguinte seria dirigir um filme. Queria dirigir uma história simples. E quando veio o Dia de Ação de Graças, a política... a ideia para trama nasceu. Eu sabia que seria um filme incomum e eu iria escrevê-lo, protagonizá-lo e dirigí-lo. Nunca pensei em mais ninguém para dirigir. Jana – Muita gente vai ao cinema para escapar dos problemas. Você acha que o público irá assitir ao seu filme mesmo com o país assim dividido? Ike – Acredito que sim. Eu, particularmente, vou ao cinema para assistir comédias e suspenses. Esses gêneros se alimentam da energia coletiva do grupo que está assistindo. Eu acho legal gfilmes que te levam para um outro mundo, mas eu acho que o mundo mudou tanto nos últimos dois anos, e faz sentido que as histórias que os cineastas estão contando nesse momento vão refletir o que está acontecendo. Estamos vendo longas como BlacKkKlansman que está 'olhando' diretamente para a sociedade. Jana – Por que você acha importante que o público assista The Oath? Ike – O mais importante é que o público vai assistir a um filme e não um documentário, então eu quero que se divirtam xom essa louca família passando pelo pior dia da vida deles. A mensagem principal é que, não só como cidadãos, mas também como esposos, filhos, irmãs e esposas façam o melhor possível para não deixar que essas diferenças políticas estraguem os relacionamentos.