Na manhã que parti para a baixada, nos poucos mais de 74 quilômetros, entre a minha casa no Brooklin e a Vila Belmiro, em Santos, formatei vários assuntos, mas quando me deparei de frente com o Walter Damián Montillo (29), o Montillo, meia-atacante do Santos, mudei meu foco totalmente.
Em espanhol, falamos de futebol brasileiro, argentino, família, seus filhos, a relação com seus colegas de clube e sua esposa Melina Lanazzo. Conheci um pai de família que tem um carinho todo especial pelos filhos Valentín e Santino (caçula com síndrome de Down, assunto que me pareceu ser um pouco delicado).
Verdade é que num Brasil, que vive um crescimento constante, mas que ainda tem pensamento de países subdesenvolvidos, o assunto é realmente chato. Enquanto a primeira vereadora com síndrome de Down toma posse na Câmara Municipal de Valladolid, na Espanha, no Brasil, a síndrome parece ser um motivo de pesar, para pessoas pouco esclarecidas.
Filho único do senhor Walter e da senhora Martha Montillo, tem duas torcedoras corujas, quando ele veste o manto 10 da seleção da Argentina: Pamela e Sabrina, suas irmãs, que lhe chamam de “El Pirata Azul”, apelido que no Brasil, até o ultimo sábado, era desconhecido. Acompanhe a entrevista com esse craque.
Mano Thiago - Como e onde você começou?
Montillo -
Minha primeira equipe foi o Defensores de Arena, de Lanús, minha cidade natal. Se bem que na infância, joguei nas categorias inferiores do Talleres de Remedios de Escalada, mas não considero um início real. Passei por lá só por influência de meu pai, que pediu para me testarem no meio de campo, seja como armador ou como volante, na opção que estivesse vaga, é claro. Em 2001, tinha uns 16 para 17 anos e fui fazer um teste no River Plate. Nossa, era tudo que eu sonhava, era meu clube de coração, um dos maiores da Argentina! Mas o treinador, na época, me pediu para procurar outro time. Me senti acabado no futebol. Hoje, acho engraçado (risos). Mas, de verdade, tudo começou no San Lorenzo, em 2002.Mano - E depois do San Lorenzo, que clubes você jogou?
Montillo -
De 2002 a 2006, como disse, estava no San Lorenzo, de Buenos Aires. Já era um dos cinco maiores da Argentina; de 2006 à 2007, joguei para o Monarcas Morelia, clube que fica em Michoacá, estado ao leste do México e que era treinado por Dario Franco, um argentino, que passou por Universidad do Chile e Atletico de Cordoba. Em 2008, foi a vez da Universidad do Chile, uma das negociações mais caras do futebol chileno, por volta de $1 milhão de dólares. Em 2010, cheguei ao Brasil, pelo Cruzeiro de Belo Horizonte, negociado por $3,5 milhão de dólares. Por fim, em 4 de janeiro de 2013, fechamos com o Santos, em $8,1 milhões de dólares.Mano – E como é jogar pela seleção argentina e perder para o Brasil?
Montillo – (
Risos...) Você sabe como é a torcida argentina. Eles acompanham e gritam muito, estando tão perto daqui, a rivalidade é grande. Aqui, moram muitos argentinos. A sensação de jogar na Argentina, acredito ser a mesma que jogar no Brasil. Jogar com o Messi é uma experiência muito bacana, afinal, também já joguei com Neymar. Jogar com os melhores do mundo, como se diz aqui no Brasil, é show! Nem sei mais quem é melhor. Mas eu prefiro jogar ao lado do melhor... descubram vocês (risos).